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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Salário do medo

“Proposta de orçamento prevê salário mínimo de R$ 619,21 em 2012.

Esse é o máximo que eles podem pagar para que não falte o mínimo a eles.

Quanto?

Sufoco no início de noite em São Luís.

Engarrafamento gigantesco. De uma ponta à outra da cidade.

Menor que o monstrengo só a paciência de motoristas e de quem esperou horas por um ônibus.

Procurei batidas em série, os salta-buracos da prefeitura, policiais do trânsito, e nada.

Quanto tempo dura vida dura assim?

Quanto?

Sufoco no início de noite em São Luís.

Engarrafamento gigantesco. De uma ponta à outra da cidade.

Menor que o monstrengo só a paciência de motoristas e de quem esperou horas por um ônibus.

Procurei batidas em série, os salta-buracos da prefeitura, policiais do trânsito, e nada.

Destoados

O bumba-boi é patrimônio cultural brasileiro.

Tomara não entre na batida da São Luís patrimônio da desumanidade.

Tomara não esqueça os sotaques, as batidas das matracas e pandeirões.

Tomara que esse título não fique pendurado no tempo e à espera de rei que nunca nem chegou.

Bumba-boi de título.

Pra quê, Coxinho?

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Para meninos em voo

E o papagaio virou “pipa” na matéria exibida pela TV Mirante nesta terça-feira, 29, de Imperatriz. No ar, casos e perigos do uso do cerol na linha de empinar.

Era “pipa” pra lá, “pipa” pra cá, repetiam repórter e “pipeiros”.

Vi-me menino, cercado de papagaios, grude e vidros de magnésia reduzidos a pó, a frustração eterna por não ter aprendido a lancear bem.

Empinar “pipa”, empinei não. Só as maravilhas aladas do Zezé Caveira, um ou outro “bode” e “suru”. “Jamantas”, quem me dera!
É, cada vez mais o maranhense deixa o linguajar regional em troca de globalização que nem conhece ou sabe onde mora.

Perguntar a quem de hoje se conhece “preto-fugido”, “canção”, “cabra cega”?

Medições na medida

Técnicos da USP (Universidade de São Paulo) constataram, entre março de junho de 2008, irregularidades na cobrança de contas emitidas pela Cemar (Companhia Energética do Maranhão).

Para o que foi pago a maior foi apontado um culpado: erro no manuseio de um programa de computador da empresa.

O Ministério Público estadual instalou inquérito civil para apurar a questão.

O documento produzido a partir de contas de contas de consumidores prejudicados, laudos e relatórios resultou em mais de 1.300 páginas.

O MP propôs à Cemar a assinatura de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para garantir a devolução de valores aos consumidores lesados.

Nunca se soube.

O número de cobranças indevidas, o valor cobrado a mais, quando o dinheiro foi devolvido.

Era uma vez 2008.

Gatos mortos nos chafarizes

Ana Joaquina Jansen Pereira, a Ana Jansen, morreu em 11 de abril de 1869, aos 76 anos.

Cento e vinte e oito contos e cento e sessenta e nove mil réis.

Esse é o valor dos bens levantados no testamento da senhora de escravos.

Em dinheiro atual, seriam cerca de nove milhões de reais.

Calcula-se ter sido a pessoa mais rica do Maranhão no seu tempo.

A fortura, o poder de mando e as atrocidades de Donana eram comentados na corte de Pedro II.

O imperador, contudo, a ela negou o ambicionado título de Baronesa de Santo Antônio.

De onde veio o dinheiro de Ana Jansen?

Dos três casamentos com homens abastados e dos muitos negócios escusos.
Um corriqueiro era a cobrança pela distribuição da água em São Luís.

O serviço era gratuito, mas usava estratégia infame para ninguém usasse a dos chafarizes públicos e, sim, a da sua fazenda.

Era prática corrente atirar gatos mortos e apodrecidos nas fontes.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Entre maridos e amantes

Nascida rica e descendente da nobreza europeia, Ana Jansen conheceu a miséria na adolescência, quando o pai a expulsou de casa.

Teve um filho de pai desconhecido no registro, o que a deixou em situação de dupla desonra: não ser mais virgem e mãe solteira.

A prostituição foi o modo de sobrevivência e sustento dela e do filho. Nunca revelou o nome do pai.

É nessa vida que conhece e torna-se amante do coronel Isidoro Rodrigues Pereira, homem rico com quem teve seis filhos.

Ana Jansen passaria a ser esposa de Isidoro após a morte da mulher.
O marido aceita criar o filho sem pai sem retrições.

Com a morte de Isidoro – de quem herdou a fortuna e a triplicou –, Ana Jansen arranja novo amante.

O escolhido é o desembargador Francisco Vieira de Melo, com quem teve quatro filhos.

Mesmo nos períodos em que esteve casada, jamais abandonou os amantes negros, a quem procurava nas senzalas.

Contam que certas noite mantinha relações com cinco deles.




Vingança

Riquíssima, poderosa, astuta, vingativa.

Uma mulher de muitos maridos brancos e amantes negros e fria o suficiente para mandar matar centenas deles, sem qualquer motivo. Quem a olhasse e ela não gostasse poderia se considerar morto.

Os traços dessa personalidade controversa são de Ana Jansen (1793 - 1869), figura lendária no Maranhão do século dezoito.

Foi a personalidade mais poderosa do estado no seu tempo.

Desafeto da senhora de escravos, Antonio Meireles foi uma de suas vítimas. Vingança pouca.

Para desmoralizá-la, mandou fazer penicos de porcelana na Inglaterra com a imagem da senhora de escravos ao fundo, e os colocou à venda nos comércios de São Luís.

Ana Jansen manda comprar todos e depois ordena que sejam quebrados, cheios de fezes, na porta da casa do comerciante.

domingo, 28 de agosto de 2011

Um luxo só

Há tanta gente hospedada na sede do Incra em São Luís – sem-terra, quilombolas, índios –, e há tanto tempo, que se batem à porta deve ser alguém cobrando a diária.

Comício de Beco Estreito

Pra se fazer um comício
Em tempo de eleição
Não carece de arrodei
Nem dinheiro muito não
Basta um F-4000
Ou qualquer mei caminhão
Entalado em beco estreito
E um bandeirado má feito
Cruzando dez posição.

Um locutor tabacudo
De converseiro comprido
Uns alto-falante rouco
Que espalhe o alarido
Microfone com a flanela
Ou vermelha ou amarela
Conforme a cor do partido.

Uma gambiarra véa
Banguela no acender
Quatro faixa de bramante
Escrita qualquer dizer
Dois pistom e um taró
Pode até ficar melhor
Uma torcida pra torcer.

Aí é subir pra riba
Meia dúzia de corruto
Quatro babão cinco puta
Uns oito capanga bruto
E acunhar na promessa
E a pisadinha é essa:
Três promessa por minuto.

Anunciar a chegança
Do corruto ganhador
Pedir o "V" da vitória
Do dedo dos eleitor
E mandar que os vira-lata
Do bojo da passeata
Traga o home no andor.

Protegendo o monossílabo
De dedada e beliscão
À cavalo na cacunda
Chega o dono da eleição
Faz boca de fechecler
E nesse qué-ré-qué-qué
Vez por outra um foguetão.

Com voz de vento encanado
Com o VIVA dos babão
É só dizer que é mentira
Sua fama de ladrão
Falar do roubo dos home
Prometer o fim da fome
E tá ganha a eleição.

E terminada a campanha
Faturada a votação
Foda-se povo, pistom
Foda-se caminhão
Promessa, meta, programa...
É só mergulhar na brahma
E curtir a posição.

Sendo um cabra despachudo
De politiquice quente
Batedorzão de carteira
Vigaristão competente
É só mandar pros otário
A foto num calendário
Bem família, bem decente:

Ele, um diabo sério e honrado
Ela, uma diaba influente
Bem vestido e bem posado
Até parecendo gente
Carregando a tiracolo
Sem pose, sem protocolo
Um diabozinho inocente.


*Do paraibano Jessier Quirino, “arquiteto por profissão, poeta por vocação, matuto por convicção”, em autodenominação.

sábado, 27 de agosto de 2011

Atire a primeira pedra

A tal campanha do desarmamento entrou de férias ou o pessoal é que teima em não desarmar o espírito?

Apertem o cinto

“Movimento no aeroporto (de São Luís) já é 45% maior do que em 2010”.

E tudo embalado num armar e desarmar de tendas, num espicha e encolhe de prazos, que ninguém sabe o que obra, o que é sobra; o que é pista, o que é despiste.

Movimento igual, ultimamente, nem na Líbia.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O forro e o forró

“Forro de sala de anexo da UFMA, no Centro, desaba com a chuva”.

Ainda que bem que foi só o forro.

Fosse o forró, o campus vinha abaixo.

Dançando na chuva


Bastou a chuvarada dessa sexta-feira para o Facebook pular no gogó dos serviços de pavimentação da prefeitura.

“Eta, galera, vai ter que avisar Castelo que amanhã vai ter que fazer tudo de novo”.

Lição de casa

Que tal a Blitz Urbana começar a atuar prefeitura e responsáveis pela obra de drenagem do Mercado Central?

O inverno já está quase a retornar e o mondrongo mais se assemelha a caranguejo morto e malcheiroso.

E como é difícil apontar quem está mais encalacrado na fábula.

A flecha ou o alvo.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O primeiro erro


Repousa em Pero Vaz de Caminha o primeiro erro histórico do Brasil recém-descoberto.

O nome do escrivão português da frota de Cabral – e o autor da célebre Carta de Caminha – há séculos é lembrado quando recontam a trajetória de favores neste país.

Atribuem a ele, erroneamente, o primeiro pedido de emprego ao rei para benefício de um genro.

Basta conhecer o final da carta para descobrir que o pedido foi outro.

"E pois que, Senhor, é certo que tanto neste cargo que levo como em outra qualquer coisa que de Vosso serviço for, Vossa Alteza há de ser de mim muito bem servida, a Ela peço que, por me fazer singular mercê, mande vir da ilha de São Tomé a Jorge de Osório, meu genro, o que Dela receberei em muita mercê.

Beijo as mãos de Vossa Alteza" (Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500).”


Coisas de pai extremado.

Isabel de Caminha, filha única do escrivão, era casada com Jorge de Osório, a quem a justiça portuguesa conhecia bem.

Contam sobre ele ser indivíduo de maus costumes. Foi preso por assalto à mão armada e condenado a degredo na ilha de São Tomé, na África.

A História não registra a duração do castigo imposto ao genro e se Dom Manuel I atendeu ao pedido de soltura.

Quase tudo

"A internet sabe quase tudo, mas não nos conta quase nada. O número de bytes criados por ano pela internet e armazenados está na ordem de 100 exabytes (1018 EB) por ano. Aproximadamente, a internet cria 100 bilhões e bilhões de bytes por ano. Trezentos vezes mais do que todas as bibliotecas por ano. A quantidade de dados sendo criados é tão inacreditável que não dá nem para entender quanto é. O que antes eram dados e informações que tinham valor perdeu o valor. Hoje tem valor aquilo que você extrai dos dados e informações. E o que você extrai chama-se conhecimento. Hoje todos somos trabalhadores do conhecimento. Conhecimento é a nova moeda. Quanto mais conhecimento você tem, mais rico você é. Minha profissão é comprar e vender conhecimento. Eu compro lendo. Aí eu vendo. Vendo em palestras. Sou um mercador do conhecimento. Não interessa saber se a internet é boa ou má. Ela está aí. Temos é que aproveitar. Tentar extrair de todos os dados da internet e transformar em conhecimento. A internet nos transformou em trabalhadores do conhecimento."

Do brasileiro Jean Paul Jacob, pesquisador emérito da IBM, na revista Época, ao ser perguntado se a internet nos deixa preguiçosos.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Os caras de pau

“Mais de 500 mil produtos piratas são destruídos em São Luís”.

Pois deveriam ter sido entregues a instituições de caridade.

Veja o assunto sob outro prisma.

Não fosse a pirataria, devedês e cedês ainda seriam monopólio das grandes indústrias e com preço inacessível a assalariados.

Mesmo com a pirataria a produtos Microsoft, Bill Gates permaneceu quase uma década no topo de homem mais rico do mundo.

Nenhum sucesso de vendas (celulares, jeans, computadores, tênis) dispensa mão de obra escrava de países asiáticos.

Os componentes do seu laptop de grife provavelmente foram manufaturados na China.

Nenhum produto pirata tira empregos ou diminui a arrecadação de impostos.

No caso do Brasil, em particular, o governo é mestre invencível em bater recordes de arrecadação e de inventar estratégias para sugar mais e mais do contribuinte.

Na sua próxima viagem aos EUA, pergunte os gringos porque eles levantam a bandeira da antipirataria mundial e têm indulgência governamental para falsificar desde charutos cubanos.

Pirataria.

O que há de novo na sua casa que o vizinho ainda não soube?

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Inferno astral

Tadeu ou Pedro, pouco importa o nome do apóstolo.

Aqui ou em Brasília, a pasta do Turismo a cada dia fica mais distante do céu palaciano.

Cuidado com o santo

São José de Ribamar, o santo, ainda não se manifestou por céus e mar sobre o debate “Visibilidade Lésbica”, um dos eventos que animam a Parada do Orgulho Gay de domingo, na cidade balneária.

É bom tomar cuidado a rapaziada que virá de Bacabal, ornada na “Flor da Bacaba” , ou recorre a expressões do tipo “Tá boa, santa?”.

Por muito menos o santo milagreiro derrubou duas vezes a igreja local.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Atentado internacional

"O contrato com a Ulen é um atentado à dignidade e à soberania de um povo".

De um telegrama do governador do Maranhão, Antônio Martins de Almeida, a Getúlio Vargas, em 1933.

O começo da saga

30 de setembro de 1933.

São Luís é abalada pelo assassinato do norte-americano John Harold Kennedy, contador da Ulen Company, responsável pela exploração das linhas de bonde nesta capital e serviços de luz, água e esgotos.

O morto tem família rica e influente na América. É tio de John Fitzgerald Kennedy (presidente dos EUA morto em 1963).

José de Ribamar Mendonça, bilheteiro de bonde, atirou em Kennedy inconformado com sua demissão da empresa – sem justa causa – após quase dez anos de serviço.

Tinha 25 anos, era bom funcionário, faltavam meses para conseguir a estabilidade no emprego.

A história do crime parece entrelaçada com práticas de menosprezo e humilhação que os americanos adotaram com a comunidade local.

Uma personagem sempre citada nessa rede é Anne Isler, mulher de Harry Isler, o chefe da Ulen no Maranhão.

Contam sobre ela dois episódios bizarros.

Divertia-se em apavorar populares dirigindo em alta velocidade pelas ruas estreitas de São Luís.

Adepta da caça, matou com uma espingarda um guarda florestal nas matas do Sacavém. Disse mais tarde, na polícia, que atirou em algo que lhe “parecera um macaco”.

Apesar da pressão americana, José de Ribamar Mendonça foi absolvido em dois julgamentos – um deles por unanimidade.

Foi de muda para o Rio de Janeiro, onde conseguiu emprego. Dez anos após o crime, novamente o prenderam.

Morreu no Rio em março de 1952, aos 44 anos. “Ataque cardíaco fulminante”, informaram.

Ao contrário do que relata a história oficial, a saga dos Kennedy começou no Maranhão.

E pelas mãos de um baixadeiro nascido em Cajapió.

domingo, 21 de agosto de 2011

Multiplicação global

Acompanhe o final de “Insensato Coração”.

Cortez entrega uma bolada de notas de vinte reais a um presidiário para que mate Léo.

Para facilitar a chegada do “jurado” ao local da execução, o homem sai distribuindo células de cinquenta reais a agentes penitenciários.

Tente reproduzir o milagre da multiplicação em casa e depois me conte.

Contando como eles contam


“São Luís pode ter até 19 mil vigilantes clandestinos”.

Não é por nada não, mas gostaria de saber como fazem para contar quem está escondido e por razões diversas não quer se mostrar.

Agora imaginem se, por descuido, deixam escapar os policiais civis e militares que fazem bico com vigilância particular.

É capaz de descobrirem efetivo que nem a polícia sabe por onde entrou... e saiu.

sábado, 20 de agosto de 2011

A vingança de ACM

"Vossa excelência pode dizer isso e mais coisas, mas na verdade o que Vossa Excelência é mesmo é um protetor do jogo e do lenocínio, porque é um ladrão."

Resposta do deputado Antônio Carlos Magalhães, o ACM, a Tenório Cavalcanti, que acusara o então presidente do Banco do Brasil, Clemente Mariani, também baiano, de desviar verbas.

"Vai morrer agora mesmo", berrou Cavalcanti, o revólver em punho.

A Câmara Federal entra em hiseteria.

Contam que Antônio Carlos Magalhães, tremendo de medo, foi acometido de incontinência urinária. Gritava: "atira!".

Tenório não atirou. Rindo, disse: "só mato homem".

A vingança de ACM não tardaria.

Tenório Cavalcanti teve armas apreendidas e direitos políticos cassados pelo golpe militar de 1964.


Sou macho

"Não sou comunista, não sou farcista, nem sou covarde. Sou Tenório. Natalício Tenório Cavalcanti de Albuquerque, e tem mais, sou macho".


Do ex-deputado federal e advogado Tenório Cavalcanti, o “Homem da Capa Preta”, lendário político alagoano que se transformou no “Rei da Baixada Fluminense” pela defesa intransigente dos nordestinos que migravam para o Rio.

No início dos anos 50, a polícia fez cerco ostensivo a duas casas de Cavalcanti, após constatada a sua participação no assassinato de um delegado paulista contratado pelas elites de Caxias (RJ) para matá-lo.

O aparato foi desfeito graças à intervenção de políticos como Nereu Ramos, presidente da Câmara, Osvaldo Aranha, ex-ministro da Fazenda, e Afonso Arino, na época deputado e futuro presidente da ABI (Associação Brasileira de Imprensa).

Tenório Cavalcanti sempre andava com "Lurdinha", uma submetralhadora alemã, presente do general Góis Monteiro.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Sem nenhuma linha

7 de junho de 1979.

A Academia Maranhense de Letras reúne-se para eleger o ex-governador Pedro Neiva de Santana membro da instituição.

Inconformado pelo fato de Neiva jamais ter escrito nenhum livro, ou qualquer obra, o escritor Nascimento de Morais Filho rompe com a AML.

“Reagi, votei contra e nunca mais pus meus pés lá. Quem tem valor, quem tem talento, não precisa de academia”, bradava o titular da cadeira nº 37.

Pedro Neiva de Santana foi governador do Maranhão de 1971 a 1975.

Entre outros cargos públicos, foi reitor da UFMA, professor de Medicina Legal da Faculdade de Direito do estado e médico legista da Polícia Civil.

“E nem por isso escreveu nenhuma linha”, fustigava Nascimento.

O caso Santana não é isolado na história literária do país.

Em 1941 um grupo de acadêmicos patrocinou a admissão de Getúlio Vargas na Academia Brasileira de Letras. O eleito só viria a tomar posse em dezembro de 1943.

Os caça-talentos

O mala não faia um petardo nos procuradores de títulos de cidadania.

E pensam que se emendam?

A poeira mal vai sentar e lá estarão eles caçando mala sem alça a quem cortejar.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Pra frente é que se anda


“PMs utilizam bicicletas para fazer patrulhamento em bairros”.

Se com carro a tarefa estava relacionada na cota dos doze trabalhos de Hércules, imagine em duas rodas e com o bafo da rapaziada no cangote.


Santana, 81

Foi em rua de paralelepípedos e bonde à porta que nasci.

Um moço de nome Epitácio mandou trocá-los por asfalto.

Porque as ruas eram suas, não mandou ouvir os meninos.

Aos adultos, aviou promessas em jarro de fundo falso.

Desde esse dia minha rua se fechou em luto pesado.

Tuchal assim nem Sant’Ana trouxe o céu pra combater.

Voltei lá dia desses, restos de saudade e coração à mão.

Não havia meninos, jogo de bola não havia, a “chiquita” da polícia a perder feio pra brabeza da minha mãe.

A casa alugada e náufraga jamais conhecerá outro choro arrancado de meus irmãos.

Ah, quanta maldade plantaram nesse espichar de chão.

Pois que fiquem essas dores penduradas, esses penduricalhos que imitam vida que nunca será minha.

Essa rua minha não é, a minha escondi tanto de não achar.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Contagiosos

O espírito cívico contagia os pretensos pré-candidatos a prefeito de São Luís.

Até setembro de 2012, quando a senhora faz aniversário, é possível que quatrocentos homens e mulheres peçam licença para entrar na sua casa e proclamem. Farão em quatro anos o que deixou de ser feito em quatro séculos.

São Luís será francesa e, quiçá, um bibelô sobre o Atlântico.

E até lá vamos esperar para ver quem tem barro na agulha, quem edificou o melhor castelo de areia, quem reza com fervor a São Judas Tadeu.

A padroeira da cidade é Nossa Senhora da Vitória.

Em meio a tantos santos, mão se espante se a própria também for candidata.

O monstrengo

Maio de 1982.

Último ano do governo João Castelo.

O Castelão é inaugurado como um dos mais modernos estádios do país. Tem capacidade para 70 mil pessoas.

Dezesseis anos mais tarde – 1998 – bateria recorde de público, que até hoje persiste.

Cerca de 98 mil torcedores assistiram à goleada do Santos sobre o Sampaio (5 a 1), em jogo válido pela Copa Conmebol.

Exceto em duas ocasiões anteriores – Moto Club 3x1 Sampaio Corrêa, de 1987, e o jogo da Seleçao Brasileira e Portugal (3 a 1, em 1982) –, o estádio só "encheu" para bingos de carro e promoções “sociais” do governo.

O Nhozinho Santos completa 61 anos em outubro. E com feixe e fieira de histórias a contar.

1982.

O ano era de dinheiros fartos, de vaidades acima da razão.

Amor estranho amor


Ao menor sinal de ânsia amorosa, lembre-se.

Estupre, espanque, sevicie, sequestre, mantenha em cárcere privado, mate.

Mas não a beije.

É que o amor anda pra lá de vulnerável nesses dias.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Para tempos de crise

“Governo vai gastar R$ 25 mi para modernizar o Castelão”.

Tanto dinheiro gasto à toa.

Do tamanho que deixaram o futebol maranhense, o Nhozinho Santos será o “gigante da Vila Passos” durante décadas.

E por falar em Castelão.

Pediram autorização aos traficantes do Barreto para invadir a área?

Os bichos e os preços

Encontro vendedor de caranguejos em Carutapera (a 538 quilômetros de São Luís).

“E a cambada?”

“Quatro reais.”

“O mesmo preço da capital?”

“A de lá tem quatro, a minha dez”.


Lembrei-me das cambadas de menino.

Na São Luís dos anos sessenta, vendedores vinham à porta de casa oferecer seus produtos – frutas, verduras e tralhas.

Caranguejos e peixes-pedra eram vendidos em cambadas – seis unidades na época.

Caranguejo e camarão, comidas de pobre.

A de rico? Galinha.

“Quando pobre come galinha, um dos dois está doente”, diziam.

Pobreza sempre houve.

A miséria, essa foi invenção dos políticos.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Sem jornais

“Não leio jornais”.

Resposta de Milovan Djilas a um jornalista americano que o entrevistou na prisão.

O jornalista ficou espantado com a lucidez das ideias e o profundo conhecimento dos fatos mundiais, mesmo preso há anos.

Primeiro grande dissidente comunista do pós-guerra, Djilas foi escritor e um dos principais colaboradores do marechal Tito, da Iugoslávia, com quem romperia.

Morreu em 1995, em Belgrado.

Quase doutores

“23% dos alunos da UFMA não chegam a ler uma obra por ano”.

E tomara que não tenha sido o que escrevem nos muros do campus.

Com paciência de Jó


“Estudo revela que faltam médicos no Maranhão”.

E os que se formam na universidade federal e faculdades particulares?

Mudaram de profissão ou de estado?

Faltam médicos no Maranhão.

E a quem os espera, falta o quê?

sábado, 13 de agosto de 2011

O sexo da alma


"Pode-se afirmar que não é só o corpo que tem sexo, a alma também o tem."

É de Aluísio Azevedo, autor de O Mulato e irmão mais novo do também escritor e jornalista Arthur Azevedo.

A família Azevedo foi vítima de grande escândalo na sociedade maranhense do século XIX.

O pai, David Gonçalves de Azevedo, viúvo, vivia maritalmente com Emília Amália Pinto de Magalhães, separada de um comerciante português. Aluísio é filho dessa união.

Na cola das farsas

A falta de investimento no homem transforma escolas em campos de concentração.

Menino, quem é teu mestre?

A desgraça que me pariu.

Sabe onde fica Auschwitz?

Procure na Maiobinha.

É onde fundem criança e adolescente em sobejo social.

Deixa que mirem bem a quem te mantém sob a mira.

Não é tua a fome que não some, não é teu o filho que comem.


Entre idas e vindas

Quando voltei, percorri São Luís pela primeira vez.

Pela primeira vez a beijei, descobri-lhe corpo e vontades, pela primeira vez lhe toquei o sexo úmido de mar.

Porque voltei, tudo em volta jamais será o bastante.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Algo mudou?


O jornalista Josias de Souza escreveu na Folha de S. Paulo em 24/9/2008.

91% da atividade de vereadores de SP é irrelevante

Entre 2005 e 2008, os 55 vereadores da Câmara Municipal de São Paulo
apresentaram 3.021 projetos. Desse total, foram aprovados 892.

Entre as propostas aprovadas, apenas 23% (206) tratavam de matérias com algum tipo de impacto direto na vida da população da cidade e no cotidiano
da prefeitura. Os outros 77% (686 projetos) ou não foram aprovados ou versavam sobre temas irrisórios, sem nenhuma importância prática.

Por exemplo: 1.202 projetos tratavam da nomeação de logradouros, de
homenagens, da fixação de datas comemorativas e outra banalidades.

Considerando-se a totalidade dos 3.021 projetos, chega-se a um quadro desalentador: foi de 8,6% o índice de produção legislativa dos vereadores com algum sentido prático para a coletividade.

Ou seja: a taxa média de improdutividade da Câmara Municipal do maior e
mais importante município do país – materializada no texto das
propostas inúteis – alcança 91,4%.

A análise dos projetos e a contabilização do que é relevante e
irrelevante foi deita pela Transparência Brasil. Pressionando aqui
você chega a um quadro com a lista das propostas.

O estudo revela que, diferentemente dos vereadores, a prefeitura submeteu
à apreciação da Câmara Municipal paulistana 137 projetos cujo teor
afetava diretamente a vida dos munícipes.

Desse total, aprovaram-se 85. Uma taxa de sucesso de 62%. Algo que conduz a
uma conclusão óbvia: assim como em Brasília quem dá as cartas no
Congresso é o Planalto, em São Paulo o dono do baralho é o Executivo
Municipal.

Enquanto os vereadores se afogam num mar de propostas fúteis, a
prefeitura legisla.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Você provaria?

“Lábios que provam o álcool não provarão os nossos”.

Publicidade norte-americana antiálcool de 1919.

A mensagem foi divulgada um ano antes da Lei Seca (1920 a 1933), um período fecundo para a fabricação e comercialização ilegal de bebidas alcoólicas, e que levou gângsters como Al Capone a reunir enorme fortuna.

The Noble Experiment, como também era conhecida a lei, só seria revogada no governo do presidente Franklin Roosevelt.

Aos olhos de agosto

Há algo de estranho no ar, e não são aeronaves perdidas num tirirical de dúvidas.

Não fosse essa celeumazinha de meio vintém entre governo e prefeitura (eu não libero porque você não me deixou fazer) pra sacudir esses dias mornos, diria que Macondo veio passar temporada sem volta nessa ilha de solidão imensa.

A cidade anda numa tristeza de dar dó, reparem. E numa indolência somente comparável a quem perdeu refinaria e energia.

Cada habitante se comporta como se chegada a hora de prestar contas com o juízo final.

Em cada semblante o abatimento de quem perdeu milhões nas bolsas de valores e na Nasdaq.

Estamos perdendo o ministro do Turismo ou os turistas é que perderam as coordenadas de tão decantada alegria?

Não há cidade feliz com amores e poetas tristes.

Pois onde estão os amores que não os encontro sob nenhum sol?

Talvez os poetas nos livrem de tamanha tristeza.

Há amores à venda nos shoppings.

À vista ou a crediário?

Não, há algo definitivamente estranho no ar.

A mídia esconde porque não encontra o que noticiar.

Os blogueiros calam porque perderam a quem anunciar.

Deputados da oposição elogiam as UPAs do governo.

Viu, e ainda querem que não veja o vazio que tomou conta do poder.

Ah, São Luís, porque te deixaram tão esquiva assim?

Talvez em setembro, talvez com a volta das marés.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Que puta língua!

Vem do latim vulgar a língua?

Então que a vulgarizem nas ruas. Dêem-lhe putas, puteiros, putadas, putanheiros. Que puta língua!

Goza essa língua? Na ponta da língua.

Puta goza? Da cara de quem lhe goza.

Onde goza? No Xirizal.

Língua suja essa! E afiada.

Porra, seus putos, que putaria!

Putada e puteiro sem xiri, nem vá.

Xiri é priquito, tabaco, prexeca. Xiri só maranhense fala, só maranhense tem fome. Come, pede mais, empanturra-se no Xirizal. Também se gosta de grelo.

Grelo?

De qual buraco saíste, seu fuleiro? Grelo é pinguelo, não há mulher da terra que saiu sem ele. Mulher de clitóris ou clítoris nem me encoste. Cabaço tu conheces?

Nunca vi, nunca ouvi falar. Nem de um, nem do outro.

Vê-se que és qualira. Pois saiba que aqui os olhos grelam quando o grelo é farto.

Que língua estranha a vossa!

Nada tem de estranha.

Qualiragem é coisa de qualiras; fuleiragem, de fuleiros.

Quando puser os pés nesta França Equinocial venha de japonesa, chamató ou sapato de enfiador.

Pra sua saúde, livre-se dos bogues, não curie a vida do vizinho, não breche a vizinha no banho, não meta o bedelho em conversa alheia, não tente apartar briga de marido e mulher, nem levante o texto da panela de quem lhe convidou.

Abaixe o facho pros mais velhos, aceite o mocho que lhe estendem, prove pirão de farinha-d´água, não faça desfeita se lhe oferecerem peixe-pedra, arroz-de-cuxá e Jesus.

Atenha-se a carecer, que é verbo traiçoeiro. Carece não? Então tá.

Em qual outra língua cagada dá sorte, senão nessa? Eta cagão sortudo!

Cuidado com o que diz. Cagão é homem frouxo. Encomende caixão e alma se por descuido chamar uma mulher de frouxa.

Mulher menstruada fica de bode. Estar bodado é estar sem disposição pra nada. Bode é tipo de papagaio; é artifício pra recuperar os que se perderam. Dar bode é ter confusão por perto.

Está de caganeira, vazando pelo pito? Melhor desistir. Mijada é bruta repreensão. Carne mijada, veja xiri.

Em qual língua estar embocetado é estar com o diabo no couro? A menos que seja chegado, negue o anel de couro, por mais peçam. Dar ou soltar o roscofe segue na mesma toada.

Conserta-se peixe? Conserta-se. Mais limpo, impossível.

Começou no sexo comendo as baratas de casa? Começou bem. Levou barata no dividido e no dominó? Terminou mal.

Quer bacuri, cacholeta? Olha a cabeça...

Quer o cigarro que alguém fuma? Peça o vinte. Um copo de cachaça? Peça um quarto. Fazer acrobacia? Faça pulitrica. Pegar peixes e crustáceos? Pois saiba manejar o puçá.

Essa língua não aprendo!...

Aprende sim, que até o Senhor de La Ravardière dela aprendeu e levou. Pro seu gasto, deixo o que vai lhe caber, seja noite, seja dia.

Saboeira, cancão, borroca, xirizuda, cheiro-verde, pungada, terecô, encriquilhar, crica, crivo, crivador, breado, guisadeira, jongome, trizidela, fiofó, desgranha, desgrota, sacrista, catraio, catraieiro, pitiu, pimba, pimbada, cambada, panada, paneiro, mangar, manina, carambela, cofo, taqueira, escrotidão, escrincha, sura, xexo, rodó, curica, bilha, rir-ri, panariço, abirolado, fodedor, boneca-de-anil; embira; cheira-peido, gronha, cruzeta; ganhador; pegado; moleira; cafufa; troíra; coíra; cascaria; casqueiro; gomoso; cerol, lancear, lanceada, papuda; ariri; melequeira, breba, briba, biriba, gurguminho, redengue, vira-folha, bajogar, birolha, fuçura, lascado, pandu.

Saboeira?

Saboeira é lésbica, mulher-macho. Saboeiras fazem sabão, só não me pergunte se de coco ou de andiroba. Pelo que aqui abunda, diria de coco babaçu.

O maranhense fala o melhor português do Brasil.

Fala não. Perdeu por ignorância e aceitação fácil dos modismos.

Maranhense fala cantando.

Isso faz mesmo. Nascemos espantados, esconjurando males, chamando outros. Da Baixada ao Sertão, do Tocantins ao Litoral.

Essa língua não aprendo.

Pois aprenda, se quiser entender porque essa gente tacanha pôs holandeses e franceses pra correrem do seu quintal, aos portugueses deu banana.

Cacuriá, ritinta, gruli, zabumba, aberturar, dindim, carambolar, escrincha, gargural, encantaria, cujuba, ziquizira, pico-pio, dentiqueiro, porronca, traioto, sembal, lapiseira, orelha-de-macaco, tibungar, pitó, afolozar, poaca, labigó, endiambado, coivara, tortulho, matraca, mataquar, mataquado, trolhar, lapiguaxada, junteiro, batido, fogoió, tuchal, abulhado, caraquento, borroca, chá-de-burro, atochar, groso, chila, chilado, chileiro, gondó, chororô, choro, chorona, barroada, rachada, rancento, dordói, agafe, gobira, chulado.

Aprendeu? Tento. Quando não, invento.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Setembro negro

Setembro de 1979.

São Luís vive dias intensos de greve.

Milhares de estudantes secundaristas e universitários saem às ruas para reivindicar o direito à meia-passagem nos transportes coletivos.

A Polícia Militar é acionada pelo governador João Castelo para reprimir o movimento com violência.

A cidade está sitiada, há trincheiras e barricadas, os líderes de greve são espancados e presos.

O governo anuncia aumento de passagens quatro dias antes da data crítica do movimento – 17 de setembro.

Em 17 de setembro, após concentração na Praça Deodoro, os estudantes saem em passeata rumo ao Palácio dos Leões.

Antes de chegar ao palácio são recebidos com jatos d´água, gás lacrimogêneo e cassetetes.

A greve começara a ser esboçada um ano antes.

Mais de trinta e cinco mil estudantes entregaram abaixo-assinado à prefeitura com pedido de redução de 50% no valor das passagens de ônibus.

A greve é suspensa em 22 de setembro.

Em 23 de setembro o governador anuncia pela tevê a concessão da meia-passagem, que começaria a vigorar em 10 de novembro.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O visionário

"Ouvi dizer já por duas vezes que o Guesa Errante será lido 50 anos depois; entristeci - decepção de quem escreve 50 anos antes".

Desabafo de Joaquim de Sousa Andrade, o Sousândrade, em 1877.

Sete anos antes transferira-se para os Estados Unidos. Só regressaria ao Maranhão em 1890.

Sousândrade é o autor da bandeira do Maranhão, claramente inspirada no pavilhão dos Estados Unidos da América.

O poeta nascido em Guimarães (1832) morreu na São Luís de 1902, miserável e louco.

Triste fim para o homem formado em Letras e Engenharia de Minas por Sorbonne (Paris).

Os poetas Augusto e Haroldo de Campos resgataram sua obra poética no início da década de 60.

A consideram uma das mais originais e instigantes do Romantismo no Brasil e precursora das vanguardas históricas.

domingo, 7 de agosto de 2011

A dominação

Elas já dominaram o mundo.

Foram veículo preferencial da gente pobre e dos operários.

Para emergentes, sinônimo de status.

Para meninos e meninas, o brinquedo mais querido, o que levava mais longe.

Em 2010, o Comitê dos Transportes e do Turismo do Parlamento Europeu reconheceu o papel da bicicleta como meio essencial de transporte para áreas urbanas.

E o Brasil, que anda na contramão do mundo, trocou suas bicicletas por motos.

Trocou saúde por barulheira e mortes no trânsito.

No interior do Maranhão, aposentaram bicicletas e jumentos.

O peão toca o gado com uma mão na motocicleta, outra no celular.

Diários da motocicleta.

Não, nenhuma vida assim tem diário que valha a pena contar.

sábado, 6 de agosto de 2011

O primeiro Maria Celeste

Antes do incêndio do Maria Celeste no Maranhão, outro navio de mesmo nome ficou associado a tragédias náuticas.

O Maria Celeste nesse caso fora lançado na Nova Escócia, em 1860, com o nome original de “Amazon”.

A embarcação se envolveu em inúmeros acidentes no mar e passou por vários donos até ser resgatada por três mil dólares em um leilão de salvação.

Em 7 de novembro de 1872, já com registro americano, o Maria Celeste parte de Nova Iorque com destino à Genoa, Itália, com carga de 1.700 barris de álcool americano cru.

Formavam a tripulação o capitão Benjamin Briggs, sua esposa e filha pequena, e oito homens. Nenhum deles nunca mais foi visto.

O navio foi encontrado flutuando no meio do Estreito de Gibraltar, sem sinais de luta.

Todos os documentos, exceto o diário de bordo do capitão, estavam desaparecidos.

A saga do Maria Celeste

16 de março de 1954.

São Luís ocorre em peso à Rampa Campos Melo (Beira-Mar) para testemunhar o incêndio do Maria Celeste.

O navio de bandeira americana explode a menos de 500 metros da costa, com 1000 cilindros de parafina e 3000 de combustível a bordo.

A tragédia – a primeira em grande escala na história marítima recente do Maranhão – resultou em 14 pessoas mortas e dezenas de feridos.

As explosões dos tambores de gasolina e óleo diesel foram ouvidas por quase todo o centro da cidade.

O fogo teve início com curto-circuito em uma das alvarengas que davam suporte às operações de transbordo de combustíveis.

Segundo relatos de época, a embarcação ardeu em chamas durante três dias seguidos.

Durante décadas os destroços puderam ser vistos próximos ao Cais da Sagração em dias de maré baixa.

O registro fotográfico acima é de Dreyfus Azoubel, primeiro repórter-fotográfico do Maranhão.