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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

O especialista

Currículo mais denso que um Vade Mecum, o notável especialista cunhou expressão inédita e definitiva em Segurança do Trabalho:

- Está tudo errado!

A assertiva foi recebida com assombro pelo meio científico. Apesar de extenuantes esforços, não foram poucas as vozes a se julgarem incompetentes para decifrá-la em plenitude, tal a pujança do enunciado.

E dito isto, o especialista partiu rumo a áreas do conhecimento ainda mais complexas.

Política, sociologia, jurisprudência, culinária. Nada falado ou escrito entre a terra e o céu deixou de receber a observação arguta do loquaz expert.

- Está tudo errado!

Soube-se, agora, por fontes confiáveis. Há décadas mantém farta correspondência com as principais lideranças políticas do país.

Biógrafos e historiadores a ele atribuem inequívoca participação no palpite a leis e projetos de inestimável valor social – quiçá no mundo ocidental.

Têm sido empecilhos quase intransponíveis ao merecido reconhecimento popular a indisfarçável modéstia e desapego ao sucesso.

Prova disso são os trajes simples e a inseparável maletinha onde guarda o precioso currículo. Para escapar incólume a assédios, recorreu a discretíssimos óculos escuros.

Em rara e recente aparição pública, cercado pela imprensa e admiradores, o especialista recebeu inesperado e inoporturno questionamento de um jovem aluno.

- E o que está errado, mestre?

Raciocínio e singeleza invulgares, o sábio homem de ciências foi imperativo:

- Pois eis que para que algo esteja certo, é preciso que tudo esteja errado!

Pronto! Estava criado o Segundo Princípio Sebastianense da Segurança do Trabalho.

Desde que nada esteja irremediavelmente errado, serve para tudo, descobrimos.

Passado em ruínas

Entra ano, sai ano, e jogam para o infinito o projeto de revitalização do centro histórico de São Luís.

Conhecem algum prédio que tenha recebido reforma e abrigue uma só família em condições dignas?

Conhecem algum sobrado em abandono a não hospedar desocupados e marginais?

Algum pedaço da história que não queiram em ruínas e estacionamento?

Engenheiros, arquitetos, urbanistas e o Patrimônio sabem.

Sem vida humana a habitar suas entranhas, o casario colonial está condenado à morte pior que o esquecimento e o descuido.

E o que não está morto por lá, dos quatrocentos anos não passará.

No oco da oca

Deputado quer transferir capital do Maranhão para Grajaú.

Até aí, nenhum problema.

Difícil vai ser convencer os Guajajara de que não são secretários de Estado por herança e direito.

Imaginem só Franciel Guajajara posando de governador, borduna em punho.

A cor dos bons fluídos

Cor da calcinha é aposta de famosas para atrair bons fluídos no Réveillon.

E no dia seguinte a mídia mundana divulgará em lista quem esperou, pelo menos, o romper do novo ano.

As manchetes em êxtase, entretanto, estarão reservadas a quem não viu a cor da chita e atirou timidez e pudores às águas de Iemanjá.