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segunda-feira, 13 de junho de 2011

O Führer no Cumã – Dois

Nonato Brito, do Vimarense (www.vimarense.zip.net), em comentário ao jornalista Marcos D´Eça, que repercutira em seu blog a crônica de Joaquim Itapary, põe mais luzes no “monstro” que aterrorizou a Guimarães de 1944.

O tema era de domínio público na cultura popular e “foi bastante utilizado por cantadores de bumba-boi do nosso município na década de 40”, diz.

E foi buscar trecho de livro de 2007 do escritor Paulo Oliveira, promotor de justiça aposentado.

“... em pleno curso da II Guerra Mundial, quando os submarinos alemães atacam nossos navios mercantes na costa brasileira, é visto, periodicamente, um desses vasos de guerra, à noite, na baía de Cumã, especificamente na localidade Gurita, desembocadura do Rio Pericumã, enquanto isso, o barco “Nazaré”, pilotado por João Pontes, pertencente à Usina Joaquim Antônio, sob a gerência de Abelardo Ribeiro, clandestinamente efetua o transporte de peixe, carne e camarão secos, além de galinha, porco, açúcar, feijão e água para suprimento daquele gigantesco objeto marinho que a população regional passa a denominar de ‘Monstro’”, escreve Oliveira em “Cronologia da História de Guimarães”.

“Na verdade, desde o primeiro flagrante da visão do mesmo, ali ancorado, o pânico toma conta de todos, com boatos de todo gênero, inclusive, de que o estranho objeto se trata de uma monstruosa cobra ou serpente marinha e que, para combatê-la, com espingarda na mão, armam-se alguns destemidos e desinformados guimarantinos. Nesta mesma época, aparecem sobrevoando os ares da região a aeronave conhecida por “Zepelin”, da força aérea americana, sobretudo entre o trecho Guimarães e Usina Joaquim Antônio, objetivando vistoriar belicamente esta região, a fim de detectar provável presença do inimigo”, cita Brito com referência no livro.

O Führer no Cumã – Um

Agosto de 1944, um ano antes do término da Segunda Guerra.

Em praia de Guimarães, na Baixada Maranhense, começa a correr a lenda de "monstro" a alumiar a noite.

Era o SS-199, que transportava Adolf Hitler e sua amante Eva Braum, segundo a revista alemã Der Spiegel.

O diário de bordo do submarino, base da reportagem, citava 2°o7’57” de Lat. S e 44°36’04” de Long. W – as coordenadas geográficas de Guimarães.

Durante dez dias o Führer zanzou incógnito pela Baía de Cumã.

E o que diabos fazia no Maranhão?

Ironicamente, fugia de conspirações e tentativas de assassinato nazistas.

E o “monstro”?

Os “olhos” do submarino a focar a praia à noite para uma Eva reclusa e entediada.

A história chegou a nós por Joaquim Itapary, em crônica imperdível em O Estado do Maranhão (19/11/2009).

O escritor conta que o navio, após dez noites, retornou a Bremerhaven, na Alemanha.

A Der Spiegel traz referência ao pescador vimarense Coutinho, que teria presenteado os forasteiros com cestos de camarão e peixe, também narra Itapary.

O "bicho-papão" deixou rastros...

Letra no forno

Há de tudo na prateleira da internet. É preciso saber apreciar. O tempo é uma fortuna. Para fugir do variado cardápio de iguarias indigestas, recomendo o Cuscuz Delivery (cuscuzdelivery.blogspot.com), blog do jornalista Reinaldo Barros. O texto tem sabor e abre o apetite para a informação despretenciosa.

Reinaldo Barros escreve sobre temas variados - vai da literatura à política com insuspeitada desenvoltura, por exemplo -, sempre com uma linguagem picante, às vezes ácida, como pedem os bons banquetes na oferta de sabores da blogosfera. Não, ele não é mais um blogueiro ofegante atrás do furo jornalístico. Tem maturidade o suficiente para deixar que outros brinquem por aí de pega-pega.

Cuscuz Delivery é prato cheio para quem tem fome de inventividade.


* Do jornalista Félix Alberto Lima em seu blog O Redemoinho (oredemoinho.blogspot.com). Muitíssimo obrigado, meu caro.