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sábado, 12 de maio de 2012

Dias de Erasmo

"No Maranhão, ninguém vive impunemente".

Erasmo Dias, o autor da frase, foi um dos maiores intelectuais do estado, em todos os tempos.

O viam como um “Boca do Inferno”, em clara referência ao poeta Gregório de Matos. O jornalista e escritor maranhense nada perdeu em genialidade.

Tribuno vigoroso e polemista de sentenças mortais, Erasmo veio ao mundo com raro talento: o que dizia ou escrevia levava a desespero os inimigos; para ouvintes e leitores, puro deleite.

– Senhor presidente, acho que estou ouvindo o constante ladrar de um cão!

– O que vossa excelência está ouvindo é o eco da sua própria voz!

Travam o elegante “debate” na Assembleia Legislativa os deputados Orlando Leite (do PSD, e governista convicto) e Erasmo Dias, das oposições coligadas.

Irritado com as seguidas interrupções do “colega” em seu discurso, Leite parte para os insultos, e leva “surra” magistral.

Erasmo cala o adversário, a galeria vai ao delírio.

Não tardaram os revides dos inimigos políticos.

É severamente espancado na Praça João Lisboa após escrever “Boi Marrequeiro da Situação”, artigo contrário a Sebastião Archer da Silva (governador de 1947 a 1951). Não há registro se foi o próprio Archer quem ordenou a barbárie.

A boemia do escritor carrega notas surreais.

Alcoólatra, nos bares derramava canecas de vinho sobre as calças para disfarçar manchas e o odor das frequentes diarreias pelo abuso do álcool.

Erasmo morreu em 14 de maio de 1981. A segunda-feira, portanto, marca os 31 anos da sua partida.

A quem quiser saber mais sobre o pária, é leitura indispensável “Erasmo Dias e Noites”, do poeta Nauro Machado.

Memória apagada

Em 1829, D. Pedro I nega autorização para o estabelecimento da Biblioteca Pública Provincial do Maranhão.

Ao expediente do presidente da Província, desembargador Cândido José de Araújo Viana, responde: devido “às circunstâncias das rendas públicas”, não seria permitida, naquele momento, nenhuma despesa extra.

O dinheiro público corre frouxo, entretanto, na boemia e orgias extraconjugais do imperador.

A Biblioteca foi iniciativa de Antônio Pedro Da Costa, o futuro Barão de Pindaré, e aprovada em sessão no Conselho Geral da Província em 8 de julho de 1826.

Nos anos seguintes, o acervo foi transferido a mais de uma dezena de prédios. Aos sucessivos diretores restou lamentar e denunciar as inúmeras perdas – extravios e furtos de obras.

Na gestão do jornalista e escritor Antônio Lobo, a biblioteca conheceu período de expressiva agitação cultural.

Fundador da Oficina dos Novos e da Academia Maranhense de Letras, Lobo – ao lado do também escritor Domingos Perdigão – lutou para vê-la instalada em prédio próprio. Ambos não conseguiram.

Antônio Lobo morreria em 1916. O atual prédio, na Praça do Panteon, em frente à Deodoro, foi inaugurado em 12 de setembro 1951.

Foi denominada Biblioteca Pública "Benedito Leite" em abril de 1958, em homenagem ao político que propôs sua reorganização.

O prédio do Panteon e o acervo? Talvez D. Pedro I saiba do tico que restou.

Dá licença!

Dona do próprio nariz e de poder de mando maior que o STJ, a prefeitura de São Luís anuncia o início do prolongamento da avenidaLitorânea.

Dispostos a tudo, os homens de preto do La Ravardiére prometem mil demônios e exorcismos a qualquer topetudo a tentar obstruir a obra.

A Promotoria do Meio Ambiente funciona com licença ambiental em dia?

Não duvidem caso descubram o contrário.