
O compositor Donga e o jornalista Mauro de Almeida são os autores de
“Pelo Telefone”, e primeiro samba gravado no Brasil (1917).
A música caiu no gosto popular e, já no ano seguinte, estourava no carnaval carioca. A versão mais recente o país conhece pela voz de Martinho da Vila.
O enredo de “Pelo Telefone” é espetacular, sobretudo porque envolve fato real, autoridades, contravenção, provocações e suposta apropriação indevida – e sem créditos – da letra.
O chefe de polícia do Rio,
Aureliano Leal, seria o alvo dos versos onde é citado como informante de contraventores. Indica “pelo telefone” o local dos jogos de roleta – o
Largo da Carioca.
O livro
“80 Anos de Brasil” traz outra história. O Largo abrigou dezenas de roletas, contudo ali instaladas por ordem do jornalista Irineu Marinho, dono do jornal
“A Noite”, e pai do também jornalista Roberto Marinho, das Organizações Globo.
A trama e a letra de encomenda seriam formas de desmoralizar Leal perante a opinião pública
(bons tempos os de quando funcionava!).
Em 1916 o jogo estava proibido no Rio. O chefe de polícia soube das roletas e mandou fechá-las por telefone – daí a referência do título e letra.
O próprio Donga tinha dois depoimentos sobre a música e sua origem: ora citava
“chefe de polícia”, ora
“chefe da folia”.
Sobre a letra de Mauro de Almeida há pesquisadores que reconhecem inéditos somente os primeiros versos de “Pelo Telefone”. Os outros eram populares entre sambistas anônimos.