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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Uma parte da outra parte

Não conheci Marcelo Dino, o garoto a abandonar sonhos aos treze anos.

Mal conheço o pai, Flávio Dino, a quem só sei a renúncia da carreira na magistratura federal e o perseguir de sonho político.

Como faço há vinte anos, lembrei-me também hoje do domingo à noite em que Flávio nos deixou.

Revi meu pai a chorar pelo filho mais amado e que não pudera acudir.

Meu pai

. A dor pelo câncer, a outra pelo arrancar de uma perna – tiquinhas, inexpressivas, diante do filho inanimado e pétreo.

“É apenas o corpo”, disse-lhe, a voz num engasgo a tentar lhe roubar angústia jamais minha.

Não era.

“O tempo cura a todas as feridas”, sempre ouvi.

Qual? O que não conheci ou veio por comida e carinho lá em casa?

“O tempo amiga a todas as feridas”, reescrevi quando papai foi ao encontro do filho.

E o que era dor ficou maior que o adeus imaginário e infindável.

E ficou porque resistiria à vida.

Ainda que uma parte teime em ficar, a outra parte de mim foi embora numa noite de domingo.

Big indisgestão

Para quem insiste em engolir bucha e canhão, e meter o bedelho em "guerra" que não é sua.

O poeta

"Não tenho metas
Ou objetivos a alcançar.
Tenho princípios
E na companhia deles
Nem me pergunto
Aonde vou chegar."


Os “versos” são de Carlos Ayres Britto, o poeta-ministro que assume a presidência do STF em 19 de abril, em substituição ao ministro Cezar Peluso.

Que tenha melhor sorte no Supremo.