Total de visualizações de página

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

A queda

Maria do Rosário, Ma do Rusá, Maria Baixinha.

Era uma das tantas meninas a deixarem o interior para viver sob a batuta de minha vó Mundica.

Era bicho brabo do mato, a língua mais afiada que navalha, um boi de carga no serviço.

“Areia panelas como ninguém”. Elogios mais bestas esses do sofrer alheio!

E tuas irmãs, Maria Baixinha?

- Ma de Fá, Ma de Lu, Ma da Conceiçón... E desfiava malvadeza sem tamanho.

Certa noite, soube, levou queda estupenda na Fonte do Ribeirão, e só para ver e ouvir a sua “amada” – a cantora Alcione. A visão do ídolo compensara o sofrer.

Um dia, Maria Baixinha desapareceu. Abriu-se o mundo, socou-se dentro.

Como tudo nessa vida.

O rei em armas

O rei tenta conter os ratos com a mão direita; com a esquerda, secretamente, os acaricia e alimenta.

Sem resistência regular, os roedores avançam. Momentaneamente torturado ante a ameaça de perder o trono, o soberano dirá aos súbitos: é urgente exterminá-los.

Assim é a fábula do desarmamento.

O rei ufana-se do recolhimento de 36,8 mil armas de fogo, em 2011.

Refém da nobreza e dos conspiradores palacianos, esquecerá, entretanto, de mencionar o quanto sacou para tê-las, o quanto recolhe em impostos para que continuem a ser fabricadas.

A fantasia pró-desarmamento vai continuar em 2012.

A cada súdito caído, mais e mais ratos.