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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Atentado internacional

"O contrato com a Ulen é um atentado à dignidade e à soberania de um povo".

De um telegrama do governador do Maranhão, Antônio Martins de Almeida, a Getúlio Vargas, em 1933.

O começo da saga

30 de setembro de 1933.

São Luís é abalada pelo assassinato do norte-americano John Harold Kennedy, contador da Ulen Company, responsável pela exploração das linhas de bonde nesta capital e serviços de luz, água e esgotos.

O morto tem família rica e influente na América. É tio de John Fitzgerald Kennedy (presidente dos EUA morto em 1963).

José de Ribamar Mendonça, bilheteiro de bonde, atirou em Kennedy inconformado com sua demissão da empresa – sem justa causa – após quase dez anos de serviço.

Tinha 25 anos, era bom funcionário, faltavam meses para conseguir a estabilidade no emprego.

A história do crime parece entrelaçada com práticas de menosprezo e humilhação que os americanos adotaram com a comunidade local.

Uma personagem sempre citada nessa rede é Anne Isler, mulher de Harry Isler, o chefe da Ulen no Maranhão.

Contam sobre ela dois episódios bizarros.

Divertia-se em apavorar populares dirigindo em alta velocidade pelas ruas estreitas de São Luís.

Adepta da caça, matou com uma espingarda um guarda florestal nas matas do Sacavém. Disse mais tarde, na polícia, que atirou em algo que lhe “parecera um macaco”.

Apesar da pressão americana, José de Ribamar Mendonça foi absolvido em dois julgamentos – um deles por unanimidade.

Foi de muda para o Rio de Janeiro, onde conseguiu emprego. Dez anos após o crime, novamente o prenderam.

Morreu no Rio em março de 1952, aos 44 anos. “Ataque cardíaco fulminante”, informaram.

Ao contrário do que relata a história oficial, a saga dos Kennedy começou no Maranhão.

E pelas mãos de um baixadeiro nascido em Cajapió.