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sábado, 24 de novembro de 2012

O crime da mala

São Luís, agosto de 1873. A capital do Maranhão sofre forte abalo com a notícia e detalhes de crime bárbaro.

A vítima: a mulata Maria da Conceição, a Mariquinhas, empregada e amante do patrão. O assassino: o desembargador José Cândido Pontes Visgueiro.

O caso Pontes Visgueiro – como ficou conhecido na história judiciária brasileira – emocionou o país à época. São célebres o julgamento e a estratégia da defesa para inocentar o réu famoso.

Homem de 62 anos, solitário e surdo, o desembargador se apaixonara pela jovem Mariquinhas. Em provável acesso de ciúmes a mata a facadas e enterra o corpo no jardim do sobrado onde morava na Rua 13 de Maio, 124 (centro histórico).  

O crime - também conhecido como "Crime da Mala - logo seria descoberto. Pontes Visgueiro é preso e a população passa a exigir pena de morte ao homicida.

O desembargador seria julgado pelo Supremo Tribunal de Justiça, em 13 de maio de 1874. O procurador da Coroa, Francisco Baltazar da Silveira, pede condenação máxima.

Franklin Dória, o Barão de Loreto, é indicado pelo magistrado para defendê-lo.


Advogado brilhante, Dória recorre à tese de transtorno mental do réu ao cometer o assassinato, e a ilustra com exemplos clássicos de crimes perversos cometidos pelo mundo. Dória relembra as atitudes e a motivação dos executores. A estratégia não surte o efeito esperado.

Condenado às galés, Visgueiro tem a pena substituída pela prisão perpétua, por ser maior de 60 anos, e irá cumpri-la na Penitenciária da Corte, no Rio de Janeiro.

Ministro da Justiça, Duarte de Azevedo, ao inspecionar o local o encontra uniformizado, a cabeça e barba raspadas.


O desembargador recebe permissão para falar com o ministro, a quem apresenta requerimento com pedido de despacho favorável.

- Os magistrados são vitalícios e eu sou desembargador!
- Foi! , rabiscou a lápis Duarte de Azevedo no papel.


O episódio retrata a segunda e última sentença.  

Pontes Visgueiro morre em 24 de março de 1875, menos de um ano após ser aprisionado.

Um comentário:

  1. Conhecia alguma coisa do caso, mas pelo que li aqui a trama é digna de um grande filme. Sinto saudades das produções que retiravam do limbo páginas importantes da história do Brasil. Vamos esperar...

    Rógerio Fontes, Pedreiras, Brasil

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