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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A viúva devassa (dois)

A senhora esperou a noite inteira a morte do morte. O dia veio encontrá-la sentada em cadeira do quarto, e nada do aviso da sua viuvez.

Não lembrava se chorara, não lembrava de coisa alguma senão da voz do mensageiro a trazer dor que não conhecia.

Lá pelas tantas, ainda com o vestido da noite anterior, rumou ao cabaré do sucedido.

Encontrou o homem inerte em chão que lhe parecera lavado com sangue. O senhor de posses e poder de mando mantinha os olhos abertos, e dele não escapam palavrões e gestos.

As quengas e o farmacêutico tentavam a custo estancar o maldito sangue negro que saltava aos borbotões de todos os malditos orifícios daquele corpo que a tantos mandou saber do inferno antes.

Durante três dias e três noites a senhora e as quengas esperaram o último suspiro do sangue.

Durante três dias e três noites esperaram médico e padre que soubessem do senhor à espera de outro mundo também seu.

Senhora e quengas lembraram.

Exceto o senhor, todos os que conheceram a única entrada e saída da cidade estavam mortos, mais mortos que o homem que os mandara saber como escapar do inferno. 

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