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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A viúva devassa (um)

Não lembro ter lido ou visto em filmes nada sequer próximo a caso ocorrido no interior do Maranhão, anos atrás.

Casada com homem de posses e poder de mando, a jovem senhora vivia submetida a seguidos e intermináveis castigos.

Ora era encarcerada na própria casa, ora o feitor a proibia de lhe dirigir voz ou olhar.

Os estupros e surras medonhas foram tantos, e por tantas noites, que esqueceu quando deixou de contá-los.

Durante anos sentiu o homem deixar em seu corpo o resto de suas fêmeas; durante anos o viu limpar o sexo ainda sujo em qualquer roupa a apanhar nos olhos. 

Fechava os olhos com força, mas era mais agudo o fedor animalesco a lhe revolver as entranhas.

Vinham os vômitos e as diarreias, vinha outra noite e nada da morte a quem tanto chamava.

Certa madrugada de chuvas torrenciais, mandaram acordar a senhora.

O mensageiro trazia notícia urgentíssima: o senhor caíra de escada num cabaré, a queda tão grande e feia que dele arrancara mais sangue e agonia que dos porcos recolhidos para as festas da padroeira. 

- O homem está às portas da morte! - gritou, e desapareceu em seguida no aguaceiro.

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