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sábado, 18 de junho de 2011

A vidente

O amigo de quem conto o “causo” é hoje pai de família recatado e abstêmio por opção.

Nem sempre foi assim...

Embriaguez fácil, durante anos foi a “alegria” de garçons e donos de bar saqueadores.

Os porres de final de semana não pediam hora, nem local.

E foi numa casa de striptease que conheceu Jesiangela, a essa altura mais melado que espinhaço de pão doce.

Nada de sexo. O sujeito tinha o vício de aprumar a língua em copo.

Papo vai, papo vem, a dançarina diz a ele ser vidente.

O outro duvida, ela insiste.

“Tá devendo o Paraíba, mil e oitocentos, duas parcelas atrasadas”.

O outro começa a prestar atenção, ela continua.

“Nasceu em tanto de tanto de mil novecentos e... É casado, casal de filhos, a menina usa óculos...”.

“Poxa, tu é o bicho, hein?”, exclamava alto, a cerveja em auxílio.

Meia hora de conversa fora o bastante.

Jesiangela enfeitiçara o bebum, que já não aguenta voo rasante.

Uns amigos em mesa ao lado o salvam da pane.

Anos a fio de pilantragem, a vidente afanara a carteira do “enfeitiçado”. Eles viram e abriram o bico.

Confusão dos infernos, gritos, corre-corre, a polícia em revista.

Quanto tempo depois não sei, mas a tal boate fechou, nunca mais ouviram falar de meninas e dançarinas adivinhas.

Nosso amigo, soube, fechou corpo e copo bem mais cedo.