O amigo de quem conto o “causo” é hoje pai de família recatado e abstêmio por opção.
Nem sempre foi assim...
Embriaguez fácil, durante anos foi a “alegria” de garçons e donos de bar saqueadores.
Os porres de final de semana não pediam hora, nem local.
E foi numa casa de striptease que conheceu Jesiangela, a essa altura mais melado que espinhaço de pão doce.
Nada de sexo. O sujeito tinha o vício de aprumar a língua em copo.
Papo vai, papo vem, a dançarina diz a ele ser vidente.
O outro duvida, ela insiste.
“Tá devendo o Paraíba, mil e oitocentos, duas parcelas atrasadas”.
O outro começa a prestar atenção, ela continua.
“Nasceu em tanto de tanto de mil novecentos e... É casado, casal de filhos, a menina usa óculos...”.
“Poxa, tu é o bicho, hein?”, exclamava alto, a cerveja em auxílio.
Meia hora de conversa fora o bastante.
Jesiangela enfeitiçara o bebum, que já não aguenta voo rasante.
Uns amigos em mesa ao lado o salvam da pane.
Anos a fio de pilantragem, a vidente afanara a carteira do “enfeitiçado”. Eles viram e abriram o bico.
Confusão dos infernos, gritos, corre-corre, a polícia em revista.
Quanto tempo depois não sei, mas a tal boate fechou, nunca mais ouviram falar de meninas e dançarinas adivinhas.
Nosso amigo, soube, fechou corpo e copo bem mais cedo.