Um conhecido, já morto, quase nos sessenta cismou em ter amante.
Queria dar asas às muitas fantasias, e assim se atirou em voo cego.
Casamento sem filhos, finanças em ordem, dinheirinho bom na poupança, não tardou a encontrar mulherão bem maior que o seu querer.
Pareciam apaixonados, e era o que dizia nas raríssimas vezes que ainda nos encontramos.
Amor daqui e de lá, a moleca tratou logo de garantir dupla perpetuação: a da espécie e do “em espécie”.
Um dia o encontro cabisbaixo e pergunto pela saúde e pela nova família.
- Vamos bem. “Benzinho” está na Europa e me deixou morrendo de saudades...
- Do garoto, então?...
- O garoto ficou comigo. Tô me virando em cinco...
Desejei boa sorte a ele e o feliz regresso de “Benzinho”.
Pouco tempo depois, a “bomba”.
“Benzinho” estivera na Europa com o namorado, um rol de contas quase do tamanho do Sena. A aventura intercontinental veio documentada em fotos e vídeo.
Obra de quem, jamais soube o pagador, e eu muito menos.
“Bem” e “Benzinho” fizeram as pazes entre mil juras de amor e promessas de “não faço mais isso!”.
“Benzinho” retornou à Europa mais vezes. O segundo filho do casal “fala francês como um parisiense”, disseram-me.
A esposa?
Morreu à míngua, encerrada em Alzheimer e luto.
Pena! Queria tanto conhecer as cachoeiras de Paulo Afonso.