O destino reservou terça-feira fria e chuvosa para o primeiro encontro.
Ela, em caminhada matinal. Ele, em contemplativa observação do nicho onde imperava absoluto.
Será que a vira, pergunta-se nossa heroína.
Tenho certeza ter-me visto. Mas porque não corre, porque não repudia a quem pode dilacerar sua carne e coração, questiona o rei destronado das suas águas turvas.
Altiva e destemida, a princesa vence o tempo e o torpor e se arrisca em ato único.
Vence rapidamente a distância que os separa e registra em prova definitiva a atração avassaladora e impossível.
E de tão perto o soberano admira quem venceu medos para tê-lo por um instante.
Em retribuição, mostra o quanto podem ser enormes e insaciáveis os olhos, a boca e a fome do desejo.
Vê as curvas sinuosas e imagina ainda mais brancas as coxas intangíveis a um cerco desconhecido. Jamais saberia o volume e a textura daqueles cabelos loiros se desprotegidos ao vento. Resignado, fecha os olhos em adeus.
Saciada a curiosidade, ela ruma para o trabalho. Em gesto vitorioso, exibirá aos colegas vistoso troféu de caça.
Em foto, vê-se jacaré de bom tamanho na grama de Lagoa da Jansen mal amanhecida.
O jacaré? Que tenha fim igual à princesa, que tenha bom fim.
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terça-feira, 13 de março de 2012
Um compadre na capital
O homem do interior chega a São Luís e quer logo conhecer a ZBM, a Zona do Baixo Meretrício, também famosa como “28”, um lugar chique à época.
Tal e qual formiga em açúcar, deixa-se seduzir pelo doce encanto das “meninas”. Erro fatal. Acorda no dia seguinte sem forças, dopado, o bolso vazio, nem rastro do dinheiro que trouxera.
As meretrizes e soldados de polícia foram os responsáveis, soube.
Desesperado com o embaraço procura o compadre da capital, por acaso chefe de polícia. Após ouvir a história, pede calma ao amigo, prometendo-lhe resolver rapidamente o caso.
Reúne a tropa no pátio do quartel – que funcionava onde hoje é o Convento das Mercês –, exige a devolução do furto, marca local e hora, promete punição severa.
Contam sobre o “aparecimento” de quantia maior do que fora levada.
Mais tarde, em conversa com o interiorano, o chefe teria soltado a frase:
- Compadre. A polícia do Maranhão é noventa por cento corrupta; os outros dez por cento estão no estágio.
Convite foi, convite voltou. Nunca mais compadre deixou o mato pra se lambuzar nas doçuras da capital.
Tal e qual formiga em açúcar, deixa-se seduzir pelo doce encanto das “meninas”. Erro fatal. Acorda no dia seguinte sem forças, dopado, o bolso vazio, nem rastro do dinheiro que trouxera.
As meretrizes e soldados de polícia foram os responsáveis, soube.
Desesperado com o embaraço procura o compadre da capital, por acaso chefe de polícia. Após ouvir a história, pede calma ao amigo, prometendo-lhe resolver rapidamente o caso.
Reúne a tropa no pátio do quartel – que funcionava onde hoje é o Convento das Mercês –, exige a devolução do furto, marca local e hora, promete punição severa.
Contam sobre o “aparecimento” de quantia maior do que fora levada.
Mais tarde, em conversa com o interiorano, o chefe teria soltado a frase:
- Compadre. A polícia do Maranhão é noventa por cento corrupta; os outros dez por cento estão no estágio.
Convite foi, convite voltou. Nunca mais compadre deixou o mato pra se lambuzar nas doçuras da capital.
Crias do medo
Igarapé Grande, Maranhão.
O estuprador investe, a menina de dez anos grita em desespero. Luta perdida, tara saciada.
“Pai” e filha, sangue e fome.
Há quem acredite na recuperação e ressocialização de bestas-feras.
Talvez ainda mais doentes que a sociedade que a tantos cria e alimenta.
O estuprador investe, a menina de dez anos grita em desespero. Luta perdida, tara saciada.
“Pai” e filha, sangue e fome.
Há quem acredite na recuperação e ressocialização de bestas-feras.
Talvez ainda mais doentes que a sociedade que a tantos cria e alimenta.
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