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domingo, 27 de maio de 2012

A África que não morre

Cerca de seis milhões de africanos rumaram à força para o Brasil após a “descoberta” da Índia cabralina.

Pelo menos a metade morreu nos navios negreiros, vítima de maus tratos e doenças.

O poema de Castro Alves, somente belo, sequer se aproxima do desespero dos grilhões.

Em 13 de maio de 1888, a farsa da abolição.

“Libertos”, os negros vagavam atrás de comida e abrigo.

Milhares – por certo a maioria – ficaram nas senzalas por não saber o que fazer com a “liberdade”. Nasceram escravos, morreram.

A escravatura muda de nome, não morre.

A salvação da pátria

O Brasil possuía em 2010 pouco mais de 190 milhões de habitantes, contou o IBGE.

E daí?

Em quarenta anos (1970 a 2010), o país triplicou sua taxa de natalidade e se aproximou de números demográficos chineses e indianos.

Progresso? Não, subdesenvolvimento e expansão da miséria social.

Sabe o que o país cantava em 1970, em plena Copa do México:

“Noventa milhões em ação / Pra frente Brasil / Salve a seleção...”.

Em quarenta anos desaprendemos a jogar bola.

Em contrapartida, o aperfeiçoamento sexual salvou a pátria de chuteiras.

Copas, jingles e votos

“Meu voto é minha lei / Pra deputado José Sarney”.

Com o slogan, o hoje presidente do Senado concorreu em doze eleições Maranhão. Venceu todas.

A música de Miguel Gustavo virou baião nas vozes de Luís Vieira e Elizeth Cardoso.

Sarney relembra a história na crônica “Canção da Copa”, publicada na Folha de S.Paulo em 25.06.10, durante a campanha da África do Sul, onde surgiram as terríveis “vuvuzelas”.

O cronista reclama do barulho infernal das cornetas. "...não acho graça nas vuvuzelas. São sem gosto e interferem, indigestas, na alegria e nas cores que enfeitam e explodem dos torcedores. Mas tudo muda e de mudanças são feitos o mundo e as copas."


O carioca Miguel Gustavo Werneck de Souza Martins morreu em 1972, aos 50 anos. Compositor de raro talento para o sucesso, é autor de inúmeros jingles famosos, entre eles o da Copa de 70, no México. De 1950 a 1970, muito do que o Brasil cantou eram músicas suas.

Soja pelo verde

O desmatamento acelerado das matas nativas, para dar passagem às lavouras de soja, provoca desequilíbrio ecológico sério no Baixo Parnaíba.

O resultado mais visível da degradação ambiental: milhares de morcegos invadiram o perímetro urbano de Santa Quitéria do Maranhão, a 441 km de São Luís, e de vários outros municípios da região.

Apesar de frugívoros (alimentam-se de frutas e insetos), os animais despertam pânico. Muito pequenos, conseguem penetrar nas casas com facilidade. Espalha-se um fogaréu de alertas sobre o risco de doenças.

Desflorestamento ilegal e sem freios não é assunto novo no Maranhão e tampouco em Santa Quitéria.

Em março, o estado arrebatou novo recorde nacional: o de maior número de cidades que mais desmatam o cerrado brasileiro, segundo levantamento do Ministério do Meio Ambiente.

O índex ministerial listou 52 municípios onde a matança do verde corre mais depressa que na Amazônia.

Santa Quitéria estava lá, e mais 19 cidades maranhenses.

Na época, foram anunciadas medidas de vigilância e de recuperação de áreas degradadas. Ficaram no papel.

Os campeões maranhenses do desmatamento:

Aldeias Altas, Alto Parnaíba, Balsas, Barra do Corda, Barreirinhas, Buriti, Caxias, Chapadinha, Codó, Coroatá, Grajaú, Parnarama, Riachão, São Benedito do Rio Preto, São João do Sóter, Timbiras, Tuntum, Urbano Santos e Vargem Grande.