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quinta-feira, 13 de outubro de 2011
O cartão do doutor
O causo vai pra mais de vinte anos.
O protagonista era conhecido médico de São Luís – a fama pelas bravatas e chiliques em público além das qualidades profissionais.
Final de tarde, padaria cheia, o astro-rei puxa cartão de crédito – uma raridade à época – para meia dúzia de pães.
A caixa rejeita o estrelado e pede papel-moeda trocadinho, de preferência.
Foi o bastante.
O homem alteia o vozeirão e manda:
“Minha filha, qualquer pessoa de posição neste país não carrega dinheiro. Só cartão”.
A mocinha não perdeu a esportiva.
“O senhor tem cartão, mas não carrega o que eu carrego”.
E o acartonado, visivelmente perplexo:
“O quê?”
“Educação, meu senhor. Educação!”
A padaria veio abaixo em risos ruidosos.
O médico se retirou vexado, os pães “esquecidos” sobre o balcão.
Nunca mais o vi.
Soube, anos depois, que o encontraram morto. Se abraçado ao seu cartão não sei, nunca disseram.
Coitado, sequer esperou os pães do café da manhã.
O protagonista era conhecido médico de São Luís – a fama pelas bravatas e chiliques em público além das qualidades profissionais.
Final de tarde, padaria cheia, o astro-rei puxa cartão de crédito – uma raridade à época – para meia dúzia de pães.
A caixa rejeita o estrelado e pede papel-moeda trocadinho, de preferência.
Foi o bastante.
O homem alteia o vozeirão e manda:
“Minha filha, qualquer pessoa de posição neste país não carrega dinheiro. Só cartão”.
A mocinha não perdeu a esportiva.
“O senhor tem cartão, mas não carrega o que eu carrego”.
E o acartonado, visivelmente perplexo:
“O quê?”
“Educação, meu senhor. Educação!”
A padaria veio abaixo em risos ruidosos.
O médico se retirou vexado, os pães “esquecidos” sobre o balcão.
Nunca mais o vi.
Soube, anos depois, que o encontraram morto. Se abraçado ao seu cartão não sei, nunca disseram.
Coitado, sequer esperou os pães do café da manhã.
Chico Rei
Rei de uma tribo no Congo, Chico Rei teria chegado escravo ao Brasil de 1740. Apenas ele e um filho sobreviveram à viagem de meses no navio negreiro "Madalena". Galanga era o nome de batismo do monarca.
A rainha Djalô e a filha, a princesa Itulo, foram jogadas ao mar por marinheiros portugueses para aplacar terrível tempestade. Crendice ou não, o navio escapou à tragédia.
No Brasil, Chico Rei consegue comprar a alforria e de outros negros com a descoberta de ouro em Vila Rica, a atual Ouro Preto. O codinome “rei” recebe daqueles a quem liberta.
O ex-escravo se transforma em dono da Mina Encardideira, propriedade do Major Augusto, que comprou o lote de negros de onde viera Chico Rei.
Chico Rei virou monarca em Ouro Preto com a anuência do governador-geral Gomes Freire de Andrada, o conde de Bobadela.
Chico Rei existiu de fato? A História nunca comprovou ou desmentiu.
Seu nome apareceu pela primeira e única vez em nota de rodapé escrita por Diogo de Vasconcelos em seu livro "História Antiga de Minas", de 1904.
Verdade ou não, o rei congolês ainda impera nas Minas Gerais.
A rainha Djalô e a filha, a princesa Itulo, foram jogadas ao mar por marinheiros portugueses para aplacar terrível tempestade. Crendice ou não, o navio escapou à tragédia.
No Brasil, Chico Rei consegue comprar a alforria e de outros negros com a descoberta de ouro em Vila Rica, a atual Ouro Preto. O codinome “rei” recebe daqueles a quem liberta.
O ex-escravo se transforma em dono da Mina Encardideira, propriedade do Major Augusto, que comprou o lote de negros de onde viera Chico Rei.
Chico Rei virou monarca em Ouro Preto com a anuência do governador-geral Gomes Freire de Andrada, o conde de Bobadela.
Chico Rei existiu de fato? A História nunca comprovou ou desmentiu.
Seu nome apareceu pela primeira e única vez em nota de rodapé escrita por Diogo de Vasconcelos em seu livro "História Antiga de Minas", de 1904.
Verdade ou não, o rei congolês ainda impera nas Minas Gerais.
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