“... é um logradouro careca, enfeado ainda
mais por dois megatérios¹, ou coisa que o valha, de cimento armado, havidos por
abrigos públicos, obra de fancaria das muitas infelizes administrações
municipais que temos tido...”.
Desabafo do
pesquisador e historiador Domingos Vieira Filho (1924-1981), em registro sobre
as intensas e descabidas intervenções feitas ao longo dos anos na Praça João
Lisboa, a mais antiga de São Luís.
O capuchinho Claude d´Abbeville – que veio na
expedição francesa de Daniel de La Touche ao Maranhão, e cuidou dos registros
da viagem com Yves d´Vreux – a descreveu
como “cômoda e agradável”.
Nos anos 30 e 40, o
prefeito Antônio Bayma e, em seguida, o interventor do
Estado, Paulo Ramos, mandaram arrancar as mangueiras seculares e árvores de
sombra que guarneciam a praça. O propósito de ambos seria o de “modernizar a
cidade”.
Crítico da dendrofobia²
de época, Domingos Vieira Filho
não pouca a substituição das árvores por “acácias
raquíticas, frágeis, enfezadas, que nunca disseram a que vieram”.
Em razão da igreja e
do convento, erguidos no século XVII, a praça ficaria conhecida como Largo do
Carmo.
A denominação Praça João Lisboa foi adotada em 1901, em
homenagem ao jornalista maranhense famoso na imprensa nacional.
Em 1643, as tropas de
Antônio Teixeira de Melo ali derrotaram os invasores holandeses.
Na praça também existiu um pelourinho no qual
eram castigados em públicos os negros.
A peça em mármore foi destruída a golpes de
marreta em 1º de novembro de 1889, duas semanas antes da Proclamação da
República.
(1) O historiador
usa megatério no sentido de monstro.
O substantivo se aplica às preguiças-gigantes que vieram na América do Sul;
(2) Dendrofobia é
o medo ou aversão profunda a árvores.