As eleições municipais deste ano prometem.
Decidirão o pleito candidatos fichas-limpas e fichas-sujas, e eleitores para quem a ficha não caiu e nem vai cair.
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quinta-feira, 15 de março de 2012
Glostore-se
“Uma lição que não deve ser esquecida é que todas as portas se abrem ante uma boa aparência… Para adquiri-la, nada há mais importante que um cabelo bem penteado… Um cabelo glostorado. Como glostorar-se: Ponha sobre a palma da mão algumas gotas de Glostora. Passe pelo cabelo e penteie-se. Glostora manterá em ordem seu penteado sem tornar o cabelo duro ou pegajoso. Uma nova nota de distinção e um atrativo varonil inconfundível!”.
Reclame da loção Glostora de 3 de abril de 1945.
Reclame é como clamavam a propaganda da época.
Reclame da loção Glostora de 3 de abril de 1945.
Reclame é como clamavam a propaganda da época.
O coração fuxiqueiro
Jamais sentira outra dor senão a da fome a juntar horas para o estômago.
Viera ao mundo mais fome que coração, pensou, enquanto preparava a ceia matinal na morada do senhor.
E como o que pensou era bom, sorriu. E como a tarefa lhe aumentava o apetite, acariciou o ventre em sinal de aprovação.
Certa tarde, fome e coração o traíram.
Encontram-no suarento e semimorto, dor implacável a arrancar impiedosamente tudo o que de substancial o abdômen armazenara para os tempos difíceis.
O salvou a senhora de bengala que ajudava a tantos que sofriam do coração e aos que, em nome do coração, a tantos fizeram sofrer.
O levaram a tratamento coronário, esqueceram da fome que não o esqueceria.
Retornou um mês depois, mais magro e cheio de cuidados logo esvaziados.
Retornaram a barriga, o afrouxar do cinto e os cabelos engomados com Glostora.
Trouxe do quase além coração novo e fuxiqueiro, mais lembranças impuras que uma nau de pecadores.
“O coração anterior era bem melhor”, disseram, e nem um “ui” dele ouviram.
Aos que sofrem do miocárdio estomacal, piedade, Senhor, piedade!
Viera ao mundo mais fome que coração, pensou, enquanto preparava a ceia matinal na morada do senhor.
E como o que pensou era bom, sorriu. E como a tarefa lhe aumentava o apetite, acariciou o ventre em sinal de aprovação.
Certa tarde, fome e coração o traíram.
Encontram-no suarento e semimorto, dor implacável a arrancar impiedosamente tudo o que de substancial o abdômen armazenara para os tempos difíceis.
O salvou a senhora de bengala que ajudava a tantos que sofriam do coração e aos que, em nome do coração, a tantos fizeram sofrer.
O levaram a tratamento coronário, esqueceram da fome que não o esqueceria.
Retornou um mês depois, mais magro e cheio de cuidados logo esvaziados.
Retornaram a barriga, o afrouxar do cinto e os cabelos engomados com Glostora.
Trouxe do quase além coração novo e fuxiqueiro, mais lembranças impuras que uma nau de pecadores.
“O coração anterior era bem melhor”, disseram, e nem um “ui” dele ouviram.
Aos que sofrem do miocárdio estomacal, piedade, Senhor, piedade!
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