Turista enfrenta 'via-crúcis' e abandono na capital do Maranhão
Viajar para a cidade de São Luís é exercício de devoção. A capital do Maranhão, que recebe cerca de 2 milhões de turistas anualmente, maltrata aquele que se aventura por suas calçadas históricas.
De casarios quase ruindo a ruas esburacadas e inseguras, o descaso se torna mais impressionante se lembrarmos que a cidade completa 400 anos daqui a 12 meses, em 8 de setembro de 2012.
A via-crúcis começa no embarque: preparado para longas horas de voo, não raro com escalas, o turista chega à capital maranhense num aeroporto com instalações improvisadas, consequência de uma obra que começou em março deste ano e não dá sinais de que vá acabar logo.
Biombos fazem as vezes das paredes e um toldo plástico cobre a sala de embarque, onde as pessoas se apinham sob um calor que facilmente ultrapassa os 30°C nessa época do ano.
O "devoto" que se arriscar a conhecer o centro histórico verá cenas de ainda maior provação. Boa parte dos casarios dos séculos 18 e 19 está caindo aos pedaços.
Sem segurança, mal iluminadas e cheias de buracos, as ruas ficaram perigosas.
Azulejos franceses e portugueses praticamente só são vistos em suvenir -isso se o turista encontrar uma loja aberta no centro, uma vez que o comércio segue o suplício.
"QUE CAIA DE PODRE"
"Isso aqui está numa desolação de dar pena", comenta Antonio França, pescador e morador da cidade. Segundo ele, muitos casarões são particulares, e os donos não fazem questão de arrumá-los.
"Fecham portas e janelas e querem que o negócio caia de podre", conta ele.
A observação não passa despercebida dos turistas. Em viagem com a mulher e o filho, o brasiliense Erasmo Rodrigues Fernandes comenta: "É lamentável que um homem culto e inteligente, nascido aqui, que foi presidente da República. governador e que é presidente do Senado, deixe sua terra natal nessa degradação".
Dinheiro não falta: o Maranhão lidera a lista de Estados destinados a receber recursos do Ministério do Turismo, pasta nas mãos do maranhense Pedro Novais (PMDB).
Só de convênios já assinados neste ano, o Estado já foi beneficiado com R$ 22,8 milhões, segundo informa a assessoria de imprensa do Ministério do Turismo.
Para efeito de comparação, o Rio de Janeiro, sede da Copa do Mundo de 2014, tem R$ 4,3 milhões de recursos em convênios aprovados.
Com a capital do Estado vivendo um martírio, haja fé para crer que esse dinheiro se converterá em uma cidade mais piedosa com seus moradores e que não mais excomungue seus turistas.
* De matéria de Carolina Costa para a Folha de S.Paulo, em 08/09/11 (caderno de Turismo). O link www1.folha.uol.com.br/turismo/971793-turista-enfrenta-via-crucis-e-abandono-na-capital-do-maranhao.shtml remete aos outros textos.
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quinta-feira, 15 de setembro de 2011
E o vento levou...
“Condor Filmes apresenta…”
Durante décadas o desenho animado de um abutre na tela do Cine Éden foi a deixa que a minha geração ansiava para por a sala de exibição em polvorosa.
Os expectadores em peso juntavam os lábios em xi xi xi xi xi e assobios que só findavam quando o filme ia começar.
O Cine Éden há anos não mais existe. Funcionava na Rua Grande (onde hoje é a lojas Marisa), canto com a Godofredo Viana, em edifício imponente. Para mim, uma segunda casa.
A distribuidora carioca também se escafedeu no tempo.
Distribuía faroestes italianos, filmes de Maciste e Hércules, terror, pornochanchadas brasileiras.
Era especializada em fitas de segunda linha, mas fazia sucesso danado.
Xi xi xi xi xi...
O maranhense era original até pra espantar bicho. Era.
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