Minha bisavó Alvina “Iaiá” nasceu em Finados de mil e oitocentos e quebrados.
Dois de novembro. Isso lá é dia pra vir deixar gente no mundo?
Não houve morte que dela tirasse a candura, o bócio enorme, os charutos e o cachimbo.
“Iaiá, fumar mata”, diziam as netas.
“Mata não, que o que mata é preocupação”, respondia, a voz rouca.
Preocupação era tranqueira que trocaram por estresse.
Amoldada na labuta, de uma e do outro não lhe apresentaram.
O cabelo branco, liso de pente não segurar, apanhara da velhice.
“Ah, Iaiá, mande receita desses bolos”. Teimosa, mandou não.
Um dia a arrancaram do seu Curador, da sua terrinha de cultivos de um tudo, de cortiços e abelhas de mel.
Tivesse ficado, tinha enganado a morte. Ou caçado pra dona coisa melhor a fazer.
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terça-feira, 1 de novembro de 2011
O ouvir da morte
Vem das rádios a lembrança mais próxima do Finados, eu menino.
Mal começava o dia, e o dia todo, só ouvíamos “músicas fúnebres”.
Era como chamávamos as músicas sacras que a Timbira, Gurupi e Educadora despejavam em tristeza sem fim.
Era dia de ouvir a morte, de choro ainda maior que o pesar por quem partiu.
De esconder alegria e pecados, e os papagaios de Zezé Caveira.
Um dia, sei quando não, o Finados findou.
Levou embora tristezas e saudades, levou os mortos que desfilavam pela Rua do Passeio.
Levou São Luís, o Caminho da Boiada e o Apicum. Se mortos, não sei.
Mal começava o dia, e o dia todo, só ouvíamos “músicas fúnebres”.
Era como chamávamos as músicas sacras que a Timbira, Gurupi e Educadora despejavam em tristeza sem fim.
Era dia de ouvir a morte, de choro ainda maior que o pesar por quem partiu.
De esconder alegria e pecados, e os papagaios de Zezé Caveira.
Um dia, sei quando não, o Finados findou.
Levou embora tristezas e saudades, levou os mortos que desfilavam pela Rua do Passeio.
Levou São Luís, o Caminho da Boiada e o Apicum. Se mortos, não sei.
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