“No Maranhão até o céu mente”.
Ecoa até hoje a frase do Padre Antônio Vieira, que conhecia o céu duas vezes – pelas orações e pelo saber meteorológico.
Segundo o sacerdote português, no litoral maranhense ocorria fenômeno único no mundo.
A inconstância do sol era de tamanha relevância que ludibriava os marinheiros e os induzia a encalhar barcos. O astrolábio ora indicava um grau, ora dois.
Vieira viveu no Maranhão província de Portugal nos anos de mil e seiscentos.
Percebeu ao chegar que os brancos se mostravam relutantes em converter os indígenas ao cristianismo, e esses continuavam pagãos.
Os brancos forasteiros queriam escravizar os nativos tapuias e furtavam tudo ao alcance dos olhos. Para o bom êxito do plano, não hesitavam em trapacear e mentir.
À insatisfação dos donos do poder com os jesuítas, a quem criticavam por proteger os índios, e à própria fúria pelas circunstâncias, responderia com “Quinta Dominga da Quaresma”, sermão ácido, bem ao estilo vieirense.
“A verdade que vos digo é que no Maranhão não há verdade”.
Viviam sem solidariedade no “Reino da Mentira”, como chamou a esta terra.
O canibalismo dos crustáceos e dos peixes é o que imperava aqui, bradou.
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