O causo vai pra mais de vinte anos.
O protagonista era conhecido médico de São Luís – a fama pelas bravatas e chiliques em público além das qualidades profissionais.
Final de tarde, padaria cheia, o astro-rei puxa cartão de crédito – uma raridade à época – para meia dúzia de pães.
A caixa rejeita o estrelado e pede papel-moeda trocadinho, de preferência.
Foi o bastante.
O homem alteia o vozeirão e manda:
“Minha filha, qualquer pessoa de posição neste país não carrega dinheiro. Só cartão”.
A mocinha não perdeu a esportiva.
“O senhor tem cartão, mas não carrega o que eu carrego”.
E o acartonado, visivelmente perplexo:
“O quê?”
“Educação, meu senhor. Educação!”
A padaria veio abaixo em risos ruidosos.
O médico se retirou vexado, os pães “esquecidos” sobre o balcão.
Nunca mais o vi.
Soube, anos depois, que o encontraram morto. Se abraçado ao seu cartão não sei, nunca disseram.
Coitado, sequer esperou os pães do café da manhã.
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