No século XI, Teodora Ducas, uma princesa de Bizâncio ou Império Romano do Oriente casa-se com Domenico Silvio, um Doge de Gênova, o que equivalia a magistrado supremo das antigas Repúblicas de Veneza e Gênova.
A princesa, civilizada, leva um garfo na bagagem para Gênova e a ele recorre em uma cerimônia.
O que sobreveio a esse fato foi um escândo suficiente para a sua execração
pública, excomunhão e morte da infeliz.
A regra comum na época era comer o alimento com as mãos ou com a ajuda de uma faca.
A Igreja Católica viu o diabo no tal garfo. São Boaventura (1240-1284), famoso teólogo da Igreja, em sermão acusa a princesa de ímpia.
Teodora Ducas não tarda a adoecer e a morrer em circunstâncias estranhas.
A princesa teria sido castigada por Deus por sua soberba em usar um garfo - ferramenta do diabo - nas refeições.
Para a Igreja de São Boaventura, a antipatia pelo garfo era associada ao formato de tridente ou forcado do objeto. O tridente era instrumento que o diabo sempre carregava nas iconografias clássicas.
No Século XI, os católicos radicais julgavam que o alimento, dádiva de Deus, devia ser levado à boca pelas mãos sagradas dos homens e sem o auxílio de outros meios, a não ser uma faca.
No Século XI, o garfo tinha três pontas. A quarta e definitiva - que levou ao formato que hoje conhecemos - só seria incorporada bem mais tarde.
Sobre isso eu conto em seguida.
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