Manhã de Natal. O menino que vigia as noites acorda com metralhadora ao lado.
Presente de papai ao filho primogênito.
Espiei quando o meu Noel a deixou num canto do beliche.
Detestava armas e violência, mas jamais perguntei ao senhor de bigodes o por quê daquele artefato na minha vida.
Queria-me pronto para as guerras? Liberto da timidez?
Ficarei sem respostas.
Quando o câncer o levou embora, nos deixou sem palavras. Nele, eram tão poucas, tão suficientemente fortes, tão verdadeiras.
Não tenho filhos homens, não aprendi a fazer guerras, não tenho armas – uma baladeira sequer.
O quê aprendi? A guardar comigo, em lugar seguro, os natais de Júlia e Maria Laura, minhas filhas. Não é pouco, admito.
É Natal? Que seja. Para todo o sempre.
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