Entro em shopping de São Paulo atrás de um terno. Na primeira frase, ao perceber a voz de taquara rachada, o vendedor logo sabe: sou do Maranhão.
- E o seu Noronha?, pergunta.
- Morreu!, informo.
O homem parece aturdido com a notícia.
- É por isso que nunca mais apareceu... Perdi um grande cliente. Era um grande contador de histórias. Aqui na loja não há quem não gostasse dele. Fazíamos roda para ouvi-lo.
Confirmo as qualidades do cliente morto e acrescento outros causos ao anedotário do primeiro grande marqueteiro autodidata deste estado.
Seu Noronha repetia com gosto cada troça que dele faziam.
E enquanto perdiam tempo em tentar ridicularizá-lo, enchia a burra com a venda de carros e serviços.
Vendedor por excelência, saiu da vida com lucro.
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