A São Luís da década de sessenta não possuía rodoviária.
O primeiro esboço de estação surgiu na rua de Santana, bem em frente a casa onde nasci, quase canto com a avenida Magalhães de Almeida.
Da Agência Trindade partiam as jardineiras rumo ao interior, os ônibus a irem desbravar o sedutor Rio de Janeiro.
Rodei nas jardineiras com minha mãe e irmãos. Carros adaptados, as laterais escancaradas ao poeirão de caminhos que ninguém sabia onde iam dar. Eta Presidente Dutra pra lá do fim do mundo!
Menino, ficava horas à espreita do mundaréu de gente no ir e vir da agência.
Há mulheres com frasqueiras, calça de helanca, o toço na cabeça a encobrir laquê e grampos. Atracas? Por certo, estão por perto.
Meu Deus! Porque as fez tão desmilinguidas?
Que tanto carrega esse povo? Puba, camarão seco, pamonha, um picuá de saudade?
Um dia vieram abaixo a primeira estação e o prédio que a revestia.
Nem a temível broca da doutora Ilse conseguiu deter o bate-estacas e a destruição do tempo.
Nem ônibus ou jardineiras ficaram em meus olhos.
Nem isso Santa Ana deixou.
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