Despachada e de franqueza invulgar, arrumou a casa como pôde para o aniversário do marido. Esqueceu dela, que isso não carecia.
Mandou providenciar cervejas e refrigerantes, mandou buscar as comilanças no interior.
Lá pelas tantas, o lugar atulhado de convidados – a nata das autoridades, todas colegas do marido – a mulher atravessa o terraço com bacia à mão.
Pelo ar, o cheiro inconfundível de linguiça frita, caseira, leitãozinho novo.
As madames torcem o nariz e passam a disputar a tapa o banheiro e a porta da rua.
Os homens pigarreiam, clamam por socorro invisível.
E a dona da casa, vendo festança mais sem graça, foi ela mesmo se servir da sua farofa de linguiça. O marido a segue.
Cerveja vai, cerveja vem, a fome do povo aumenta.
Um conviva arrisca o petisco, aprova. Não demora, não se vê um só sem os beiços engordurados.
Festa danada de boa, não soube de quem não gostasse. Até hoje pedem a receita da farofa, exaltam a espontaneidade dos anfitriões.
Se eu estava lá? E feliz da vida com a minha cumbuquinha.
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