Com cinco das escolas pior colocadas no Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem) deste ano, o Estado do Maranhão já teve cinco secretários diferentes de
Educação, desde o início da gestão de Roseana Sarney (PMDB), que chegou ao
governo em abril de 2009. Segundo professores e parlamentares, o Estado é um
dos únicos do País que não possuem plano de educação, além das greves anuais ¿
a última durou 78 dias - por mudanças no estatuto dos educadores.
"O Maranhão é um dos poucos Estados que não tem plano estadual de educação. É um Estado que faz educação, organiza um sistema, mas sem ter plano estadual, não tem metas nem diretrizes, então você imagina como é", diz o secretario de políticas educacionais do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública no Maranhão, Adair José Neves. "Sem plano de educação e com a mudança periódica de secretários, dá para ter uma ideia de como é essa rede, é um sistema sem plano", completa.
Já o deputado estadual comunista Rubens Pereira Júnior direciona para o
governo as críticas, após os resultados apontados pelo Enem. "A
responsabilidade é exclusivamente do poder Executivo, no Maranhão é a marca da
atual gestão (...) o governo no ano passado fechou inúmeras escolas,
justificando que várias estavam ociosas e há um rodízio de secretários. O atual
é o quinto desde que Roseana assumiu em 2009".
Neves diz que além de tudo, o estatuto do educador está defasado, o que
cria diversos problemas para remuneração dos professores, que possuem salário
base de pouco mais de R$ 700, mas que com gratificações, que podem chegar a
130%, recebem salário próximo do piso nacional. Outro problema são os
professores contratados, que recebem apenas o salário base. "Como um
professor coma mesma formação do concursado consegue trabalhar pela metade do
salário?", pergunta.
Além dos professores selecionados sem concurso, o deputado diz que outro
problema são educadores formados em um disciplina, mas que dão aula de outra.
"O Maranhão tem um enorme contingente de professores contratados sem
concurso. Além disso tem muito professor que é formado em português, mas dá
aula de química. Esse resultado do Enem mede diretamente o resultado da
educação publica estadual", finaliza Pereira.
Piores do Enem
Das 10 escolas com piores índices no Enem, cinco são instituições públicas do
Maranhão. Em último lugar de todo o Brasil, aparece o Centro de Ensino Aquiles
Lisboa, no município de São Domingos do Azeitão, que fica na região sul do
Maranhão. A escola com pior desempenho do obteve 383,71 pontos no exame.
Na lista das piores também aparece o colégio José Maria de Araújo, do
município de Olinda Nova do Maranhão, que obteve 393,52 pontos; o colégio Maria
do Socorro Almeida Ribeiro Anexo III-Limão, de Centro Novo do Maranhão, com
394,55 pontos; a escola Professora Leda Tajra - Anexo Juçara, localizada em
Buriti Bravo, com 396,54 pontos; e Lucas Coelho, da cidade de Benedito Leite,
que chegou a 397,20 pontos.
Mais de 250 pontos separam o melhor desempenho do Maranhão, que ficou
com o Centro Educacional Montessoriano Reino Infantil, escola particular de São
Luís, do pior desempenho obtido no Estado. A escola com melhor colocação no
Maranhão obteve nota 643,62. O segundo lugar ficou com a Escola Crescimento
(619,80 pontos). Em seguida ficaram o Colégio Educator (616,16), o Centro de
Ensino Upaon-Açu (596,64), o Colégio Dom Bosco (596,01) e o Ifma (587,26),
todos em São Luís.
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