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terça-feira, 10 de maio de 2011
“Até pedra”
“Cópia, ditado, dissertação, tabuada, reprovação. No dia em que os mandarem embora, o ensino vai pro beleléu. Vou antes”.
Leitor ávido, polemista confesso, José Nascimento de Morais Filho é o mestre de quem ouvi a frase.
Durante mais de uma década fomos amigos diários no Canto do Protesto – um espaço de resistência, idealismo e rodadas intermináveis de café entre a Rua de Nazaré e a Praça Pedro II. O grupo era barulhento, mas calava ao professor.
Amigo de juventude de Ferreira Gullar e José Sarney, ao primeiro nunca perdoou por nunca ter escrito uma linha contra a instalação da Alcoa em São Luís.
Escreveu Drummond “A Geringonça”, citada por ele para criticar a omissão do autor de “Poema Sujo”.
Admirava a José Sarney – o homem, não o político.
“Traíste a tua geração”, disse ao próprio, o abraço mútuo a findar a nota.
“Sarnê”, que era assim como se referia ao outro José.
“Sarnê no Maranhão elege até pedra”, repetia aos que iam ouvi-lo.
E pedras grandes e certeiras foi a munição de Zé Morais durante anos contra a multinacional do alumínio.
A Alumar – ou melhor, a Alcoa – conte e reconte os estragos.
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