Pululam nos jornais maranhenses do século XIX e do início do século XX – em especial os de São Luís – notas graves pela omissão das autoridades.
A tolerância com as “casas suspeitas”, críticas aos serviços públicos e denúncias contra os excessos da Polícia aparecem em profusão nas páginas de O Repórter, Pacotilha e Jornal da Manhã.
Não estranhe a linguagem e a forma dos textos. É como escreviam a língua portuguesa à época.
“Nunca haverá limpeza possível, porque ella é feita sem ordem e com um numero insufficientissimo de trabalhadores. Tratão de limpar uma rua; quando chegão ao fim d’ella – o princípio já se acha completamente entulhado de cisco, de porcaria, coberto de matto. Hontem limparam parte da Rua do Sol, mas deitaram sobre os passeios toda a immundicie que encontraram! Serviço de gente porca (PACOTILHA, 24/05/1884)”.
“Saiba a população desta capital que soldados da polícia do sr. Tasso Coelho, chefe de polícia do governador Benedito Leite, andaram hontem praticando distúrbios na praça João Lisboa, onde se está fazendo a festa de Santa Filomena. E depois que estabeleceram o pânico no seio das famílias que alli se achavam, as quaes aterrorisadas corriam, saíram com uma algazarra infernal pelas ruas da cidade, alarmando a população que já àquela hora se recolhia aos lares (PACOTILHA, 17/09/1902).
“Para dar uma idéia da desorganização que esta situação tem introduzido em todos os ramos dos públicos serviços, mais não se precisaria accrescentar do que dizer que esta capital, com as suas avenidas de magnólias e violetas, é uma cidade que não tem policiamento algum. Isto, que redunda em eloqüente testemunho de boa índole do nosso povo, não obstante os furtos e roubos que quase diariamente registrando, redunda, egualmente, em attestado da nossa degradação como povo civilisado, e de que por aqui, como por todo paiz, abundam as sinecuras, porque se não há policiamento, há, entretanto, um chefe de policia (PACOTILHA, 18/07/1904).
Pincei as notas acima de “TRABALHO E RUA - Análise acerca do trabalho de rua em São Luís na passagem do século XIX ao XX”, apresentada por Paulo Roberto Pereira Câmara, em 2008, na sua dissertação ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Maranhão para obtenção do título de Mestre em Ciências Sociais.
Não sei se o autor publicou a obra em livro. A cópia que possuo a capturei pela internet. Cento e quarenta e oito páginas de árdua pesquisa.
Repararam “com as suas avenidas de magnólias e violetas” em uma delas?
Haveria de ter melhor destino a São Luís onde plantavam flores nas avenidas.
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