Total de visualizações de página

quinta-feira, 1 de março de 2012

O carteado e a lua

Aconteceu em noite de tédio em São Luís.

Os velhos amigos de carteado se reúnem para mais uma rodada de apostas.

Antes do início do jogo, um dos atletas do baralho se recusa a sentar à mesa. Como justificativa, aponta um dos colegas presentes e o acusa de dever a ele uma soma vultosa.

O acusado não se alterou com a provocação.

Pediu ao acusador que levantasse as dívidas, pois iria quitá-las naquele instante.

O homem não pensa duas vezes. Puxa caderneta do bolso, faz cálculos sobre cálculos, adiciona juros, e apresenta a conta.

O devedor – sob o olhar atônito da mesa – puxa o talão de cheques, preenche folha com a quantia e o entrega com um enigmático sorriso de vitória.

Os velhos amigos se abraçam e dão a querela por terminada.

No dia seguinte, o credor se dirige ao banco no intuito de descontar o cheque.

O gerente olha o papel e, após alguns segundos, o devolve ao homem e pede desculpas por não poder atendê-lo.

- O cheque não tem fundos?
- Tem, sim senhor!
- E, então, qual é o problema?
- O senhor já reparou de onde vem esse cheque?


Quem viu ou soube do causo assegura: o cobrador não teve morte instantânea por milagre.

Diante dele, em letras legíveis, lia-se na ordem de pagamento:

“Lua, tanto de tanto de mil novecentos e tanto”.

Por mais perguntasse, jamais soube o desfecho do jogo e da dívida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário