"No Maranhão, ninguém vive impunemente".
Erasmo Dias, o autor da frase, foi um dos maiores intelectuais do estado, em todos os tempos.
O viam como um “Boca do Inferno”, em clara referência ao poeta Gregório de Matos. O jornalista e escritor maranhense nada perdeu em genialidade.
Tribuno vigoroso e polemista de sentenças mortais, Erasmo veio ao mundo com raro talento: o que dizia ou escrevia levava a desespero os inimigos; para ouvintes e leitores, puro deleite.
– Senhor presidente, acho que estou ouvindo o constante ladrar de um cão!
– O que vossa excelência está ouvindo é o eco da sua própria voz!
Travam o elegante “debate” na Assembleia Legislativa os deputados Orlando Leite (do PSD, e governista convicto) e Erasmo Dias, das oposições coligadas.
Irritado com as seguidas interrupções do “colega” em seu discurso, Leite parte para os insultos, e leva “surra” magistral.
Erasmo cala o adversário, a galeria vai ao delírio.
Não tardaram os revides dos inimigos políticos.
É severamente espancado na Praça João Lisboa após escrever “Boi Marrequeiro da Situação”, artigo contrário a Sebastião Archer da Silva (governador de 1947 a 1951). Não há registro se foi o próprio Archer quem ordenou a barbárie.
A boemia do escritor carrega notas surreais.
Alcoólatra, nos bares derramava canecas de vinho sobre as calças para disfarçar manchas e o odor das frequentes diarreias pelo abuso do álcool.
Erasmo morreu em 14 de maio de 1981. A segunda-feira, portanto, marca os 31 anos da sua partida.
A quem quiser saber mais sobre o pária, é leitura indispensável “Erasmo Dias e Noites”, do poeta Nauro Machado.
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