“Sexta-feira última, à tarde, quando o bonde nº 1, descia dos Remédios teve que parar no desvio que fica em frente a redação d' "O Jornal”, a espera do outro carro que subia da Avenida Maranhense. Um calor asfixiante envolvia a cidade. Uma das animarias que puxava o escangalhaço veículo não
suportou mais o tempo e o cansaço, que lhe fazia arfar, sob os arreios que lhe suplicavam o pêlo e jogou-se, em plena via pública, calma e serenamente, ao solo de paralelepípedos, ali ficando por muito tempo, para guadio dos passageiros e tranzeuntes, que comentavam o caso em todos os tons. O cocheiro e o condutor, homens de bons corações talvez, não se animaram a tirar o miserável daquele dolce farmiente sabedores como são de que esforço dispendido pelos magnissimos animais bem lhe
garante horas de folga, embora em prejuízo da estética da cidade”.
Notícia de O Jornal, em 12 de janeiro de 1920.
São Luís reunia cerca de 53 mil habitantes naquele ano. O bonde a tração animal era o principal meio de locomoção da capital, que não contava com luz elétrica.
A epopéia dos bondes nesta capital tem início em agosto de 1871.
Autorizada pela Assembléia Provincial, a Companhia Ferro-Carril, inaugura a primeira linha de bondes animálicos. O trajeto: Largo do Palácio - Cutim (Anil). O serviço, de má qualidade, gera reclamações intermináveis.
No final de novembro de 1924, a Ulen Company implanta bondes elétricos em São Luís, com generosas e estranhíssimas vantagens fiscais e financeiras concedidas pelo governo estadual (voltarei ao assunto em outra ocasião).
Os bondes circularam pela última vez em São Luís em dezembro de 1966. Foram retirados das ruas por ordem do prefeito Epitácio Cafeteira. José Sarney governava o Estado.
* A Remédios mencionada por O Jornal é Rua Rio Branco; a Avenida Maranhense é a atual Avenida Pedro II.
** A foto que ilustra este post é do arquivo do Memorial Fotográfico do Transporte Coletivo de Passageiros do Maranhão.
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