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domingo, 29 de julho de 2012

A mensageira

Aos sábados, invariavelmente, ela telefonava com alguma morte a contar.

Detalhes sucintos, profissionais, o suficiente para o ouvinte saber logo: alguém importante batera as botas.

Não sei quanto tempo depois, e a narrativa foi substituída por mensagem de texto.

Três ou quatro linhas, e ali estava vida inteira.

Não havia dúvidas. Minha amiga se tornara especialista em despachar defuntos. Sem flores, sem floreados.

Acostumei-me a esperar as mensagens. Apostava comigo. Naquele sábado ninguém morreria, e nada de texto.

Por volta das seis da tarde o telefone toca, na linha a voz inconfundível da mensageira.

Conversa vai, conversa vem, e nada de um mortinho baixo clero. Procurava boa desculpa para findar a lengalenga, quando ouvi grito medonho:

- Aiiiii!

- O quê foi? – perguntei assustado.

- Matei uma barata!

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