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domingo, 18 de novembro de 2012

A praça e as trapaças

“... é um logradouro careca, enfeado ainda mais por dois megatérios¹, ou coisa que o valha, de cimento armado, havidos por abrigos públicos, obra de fancaria das muitas infelizes administrações municipais que temos tido...”.

Desabafo do pesquisador e historiador Domingos Vieira Filho (1924-1981), em registro sobre as intensas e descabidas intervenções feitas ao longo dos anos na Praça João Lisboa, a mais antiga de São Luís.

O capuchinho Claude d´Abbeville – que veio na expedição francesa de Daniel de La Touche ao Maranhão, e cuidou dos registros da viagem com Yves d´Vreux – a descreveu como “cômoda e agradável”.

Nos anos 30 e 40, o prefeito Antônio Bayma e, em seguida, o interventor do Estado, Paulo Ramos, mandaram arrancar as mangueiras seculares e árvores de sombra que guarneciam a praça. O propósito de ambos seria o de “modernizar a cidade”.

Crítico da dendrofobia² de época, Domingos Vieira Filho não pouca a substituição das árvores por “acácias raquíticas, frágeis, enfezadas, que nunca disseram a que vieram”.

Em razão da igreja e do convento, erguidos no século XVII, a praça ficaria conhecida como Largo do Carmo.

A denominação Praça João Lisboa foi adotada em 1901, em homenagem ao jornalista maranhense famoso na imprensa nacional.

Em 1643, as tropas de Antônio Teixeira de Melo ali derrotaram os invasores holandeses.

Na praça também existiu um pelourinho no qual eram castigados em públicos os negros.

A peça em mármore foi destruída a golpes de marreta em 1º de novembro de 1889, duas semanas antes da Proclamação da República.
 

(1) O historiador usa megatério no sentido de monstro. O substantivo se aplica às preguiças-gigantes que vieram na América do Sul;
(2) Dendrofobia é o medo ou aversão profunda a árvores.

 

 

 

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