O destino reservou terça-feira fria e chuvosa para o primeiro encontro.
Ela, em caminhada matinal. Ele, em contemplativa observação do nicho onde imperava absoluto.
Será que a vira, pergunta-se nossa heroína.
Tenho certeza ter-me visto. Mas porque não corre, porque não repudia a quem pode dilacerar sua carne e coração, questiona o rei destronado das suas águas turvas.
Altiva e destemida, a princesa vence o tempo e o torpor e se arrisca em ato único.
Vence rapidamente a distância que os separa e registra em prova definitiva a atração avassaladora e impossível.
E de tão perto o soberano admira quem venceu medos para tê-lo por um instante.
Em retribuição, mostra o quanto podem ser enormes e insaciáveis os olhos, a boca e a fome do desejo.
Vê as curvas sinuosas e imagina ainda mais brancas as coxas intangíveis a um cerco desconhecido. Jamais saberia o volume e a textura daqueles cabelos loiros se desprotegidos ao vento. Resignado, fecha os olhos em adeus.
Saciada a curiosidade, ela ruma para o trabalho. Em gesto vitorioso, exibirá aos colegas vistoso troféu de caça.
Em foto, vê-se jacaré de bom tamanho na grama de Lagoa da Jansen mal amanhecida.
O jacaré? Que tenha fim igual à princesa, que tenha bom fim.
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