A cidade outra

Conhecem outra cidade mais sem árvores?

Conhecem outra em as derrubam para o plantio de mudas?

Conhecem outra em que o meio ambiente é desconhecido por inteiro?

Conhecem outra em que o verde seja por raiva e não pela vegetação ou esperança?

Conhecem outra cidade nesta cidade outra?

A igreja venceu

Primeiro governador do Maranhão após a proclamação da República, Pedro Augusto Tavares Júnior foi o que ficou menos tempo no cargo.

Tomou posse em 17 de dezembro de 1889 e se demitiu em 3 de janeiro de 1890.

Seu pecado: suspender o pagamento de côngruas (pensão para sustento de párocos) à igreja católica.

Preocupado com a repercussão negativa da questão na igreja – que detinha poder e prestígio –, o próprio Deodoro da Fonseca ordenou a nulidade o ato.

O governador considerou a atitude do marechal um ultraje.

Escreveu telegrama a Deodoro no qual comunicava a demissão, afirmando não ser aquela a República com a qual sonhara .

Papo nada refinado

“Não há a mínima hipótese da refinaria não ser executada”, diz diretor da Petrobras.”

Claro que foi.

E sem direito a obituário e missa de sétimo dia.

Não há de ser nada.

Os desatinos são a nossa energia.

Quase Espanha quase

“Espanha multa quem urinar em água ou em areia de praia”.

Banhistas que acham que todo tímpano é penico terão de pagar taxa de até três mil reais.

Estendessem a proibição a São Luís, a prefeitura encheria a burra num só final de semana.

Estendem não.

Lembram da operação Manzuá?

Era para livrar as praias de sons mais altos que as marés de sizígia.

Os promotores nada claudicantes ficaram mais sozinhos na empreitada que caranguejo sem pata.

Os colegas de promotoria o abandonaram na cruzada.

Preferiram quebrar caranguejos a ser quebrados por filhinhos e papais.

Papai paga, papai pode, papai f...

Nem aí

Explosões e roubos a caixas eletrônicos estontearam o Banco do Brasil.

Terminais danificados ou com defeito não são repostos ou enviados para conserto.

Um exemplo.

Há mais de um mês um caixa em supermercado da Cohama está com defeito e, até agora, nada.

Segundo funcionário do local, o banco não está aí pra cor da chita.

28

Zona do Baixo Meretrício, a ZBM.

Era ali pras bandas do Desterro.
Lugar chique, de homens de terno e gravata, de “madames” mais cortejadas que rainhas.

Nos cabarés, orquestras, danças de salão, exímios dançarinos, shows.

“Vou pra 28”.

Vou pra zona, vou putanhar.

Foi assim até os anos 50.

Com os anos 60 chegou o declínio, nada a lembrar o esplendor.

Conheci os restos, o que restou daquela gente.

A ZBM ainda resiste.

Há zoneiros zanzando por lá.

E o meretrício?

“O meretício de hoje está em todo lugar”, lembra-me o poeta José Chagas.

Sob ameaça de canhões

28 de Julho, adesão do Maranhão à Independência.

Qual?

A de 7 de Setembro o Maranhão avesso às ordens do Rio de Janeiro não reconheceu.

O Maranhão conservador de 1822 mantinha tráfego marítimo intenso com a Europa – sobretudo Portugal, principal destino comercial do estado.

Em Portugal estudavam os filhos dos comerciantes ricos.

No Maranhão de 1822 mandavam as elites agrícolas e pecuaristas.

São Luís foi bloqueada por mar e ameaçada de bombardeio pela esquadra de Lord Cochrane.

Foi obrigada a aderir à Independência em 28 de julho de 1823.

O que se seguiu foi vingança, descaso, humilhação.

Os três fatores levaram ao empobrecimento gradativo da região – uma das mais ricas do Brasil imperial.

A caçadora

“Ex de dono da Playboy diz que sexo com ele durava dois segundos”.

Enquanto Hugh Hefner manteve segundos e mimos, a ex jamais reclamou.

Mas Crystal Harris definitivamente não é uma caça-dotes.

No máximo caçava homens que o tempo há muito caçou.

Vinte e seis anos, oitenta e cinco.

Difícil nessa idade é caçar – e encontrar – vergonha na cara.

Eles querem saber

"Já que eles colocam fotos feias nos pacotes de cigarro, porque não colocam gente obesa em cada pacote de batatas fritas, fotos de matadouros em cada bandeja de carne, fotos de animais torturados nos cosméticos, de acidentes de trânsito nas bebidas alcoólicas, gente sem teto na conta de água e luz e políticos corruptos na declaração de impostos?".

*circula pela internet, de e-mails a redes sociais.

Embolados

Um concorrente de peso embolou de vez o emaranhado de fios que ornamenta a sua rua.

Embratel e terceirizadas apressam o cabeamento em postes para serviços em telefonia, tevê a cabo e internet.

O pacote promocional completo, em contrato de nove meses, é oferecido a oitenta e nove reais – menos da metade do que cobra a TVN por tevê a cabo e internet juntos.

A quem pensa assinar.

Em razão de acordo, o Maranhão é um dos poucos estados onde a Embratel não retransmite o sinal da Globo.

Livrar-se da dupla Galvão-Faustão, por um bom tempo, é tentação e tanto.

Saúde em risco

“Ir ao hospital é mais arriscado que andar de avião”.

Em caso imprescindível, vá nas últimas.

Os dois maiores da capital, particulares, são réplicas malfeitas do Socorrão.

E complementam o negócio com outro: cobrança do estacionamento.

No Socorrão é público e recebe emergências de todo o estado.

Nos particulares, as emergências não recebem e pedem socorro.

“Ir ao hospital é mais arriscado que andar de avião”.

Se for pra arriscar, boa viagem.

E o vento não levou...

Lembram da Fábrica de Confecções de Rosário?

Prédio depredado, a ferragem do telhado retorcida.

Foram os ventos, disseram-me.

Trabalhadores e produção?

Só o vento dirá.

E as dívidas?

Essas não há vento que diga ou some.

Compensações

A Petrobras adiou a instalação da Refinaria Premium, em Bacabeira.

Em questões de horas, anunciaram a elevação de preços dos combustíveis.

Premium ou castigo de consolação?

Cidade deserta

Conhecem outra cidade mais sem árvores?

Conhecem outra em as derrubam para o plantio de mudas?

Conhecem outra em que o meio ambiente é desconhecido por inteiro?

Conhecem outra em que o verde seja por raiva e não pela vegetação ou esperança?

Conhecem outra cidade nesta cidade outra.

Nas barbas do barão

“Estudo mostra deterioração de imóveis tombados na Rio Branco”.

Fosse apenas naquela rua, até o barão se resignaria.

São Luís, cidade patrimônio da desumanidade.

O que não está em ruínas, em ruínas se verá.

Boicote à italiana

O Brasil começa a enfrentar a ira italiana não-extradição do ex-ativista Cesare Battisti.

Nas ruas de Roma já é comum encontrar cartazes com a frase “Boicote. O Mundial de 2014 no Brasil manchado pelo sangue italiano”.

O caso Battisti, como é tratado pela imprensa internacional, ameaça repercussões sérias nas relações entre os dois países.

A Comissão Europeia de Justiça, em comunicado de emergência, na sexta-feira, 17, adiantou a posição da Corte Internacional de Haia sobre o caso. “O problema é bilateral”, disseram os juristas, numa espécie de “lavamos as mãos”.

A Itália não se deu por vencida e promete levar o imbróglio a outras cortes internacional de justiça.

O rebelde

“Todo brasileiro deve ter vergonha na cara. Revogam-se as disposições em contrário.”

Do historiador cearense Capistrano de Abreu, morto em 1927, e para quem a Constituição Brasileira deveria possuir apenas dois artigos.

Independente e avesso a círculos sociais e literários, segundo amigos próximos, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, mas se recusou a tomar posse.

* foto: capa da Constituição de 1891, a primeira do país.

História sumida

Senado da Câmara, Palácio da Intendência, Palácio La Ravardière, Prefeitura de São Luís.

O primeiro prédio data de 1621.

Foi reconstruído em 1689 com as sobras da igreja e da câmara de Icatu, segundo assinala o historiador Carlos de Lima em “Os Caminhos de São Luís”, que o denomina apenas “Prefeitura Municipal”.

Havia dois soldados franceses de bronze a ladear o busto de Daniel de La Touche. Estão sumidos há anos, relata.

A foto acima mostra o palácio volta de 1910, a frente valorizada por palmeiras imperiais e jardins.

Os sucessivos interventores e prefeitos maltrataram a construção sem piedade.

Iguais

Quer fazer um saque na praia?

Saque o melhor palavrão, mas não conte com saque eletrônico.

São Luís é a única capital onde não há caixas bancários na área litorânea.

Só quem te tire o couro.

Igualzinho aos bancos.

"Todos os legisladores populares sempre se reportaram à alguma autoridade divina porque do contrário as suas leis não seriam aceitas pelo povo."

* é de Maquiavel, um dos pensadores que mais influenciou a política moderna.

De ouvido colado

A massa regueira não dá ouvidos a outro assunto.

Todos querem detalhes sobre o implante coclear que tem como avalista o deputado Jota Pinto, o Pinto da Itamaraty.

Também pudera.

A colocação de “ouvido biônico” – pelo SUS e com as bênçãos da UFMA – é novidade que interessa a todos que tiveram a audição destroçada pelas “pedradas” de Marley e Isaacs.

O deputado continua empresário de radiolas, não é?

Ei, estou falando com você!

Pecadores

"Reconhecer o deliquente como uma vítima também é importante".

De Sebastián Marroquín, filho do narcotraficante colombiano Pablo Escobar, morto em 1993, em discurso na Espanha, no qual criticou os “métodos arcaicos” da polícia do Rio.

Marroquín, arquiteto na Argentina, recorreu a eufemismo hediondo para nominar os atos de Escobar ao protagonizar o documentário "Os Pecados do Meu Pai".

Pecados?

Pecado é não reconhecê-los como crimes.

Marrapá!

Pego um taxi, aponto o percurso e o motorista o reprova.

Por conta própria segue outro. Segundo ele, esse sem bloqueio de obras da prefeitura.

“Esse pessoal não sabe trabalhar de madrugada, não?... Marrapá!... Meus colegas tão umas arara com essas obra... Marrapá!... Se soubesse que era pro lado daqui, nem tinha pegado a corrida... Marrapá!...”.

Finjo não ser comigo.

O motorista insiste, fala horrores da corrida anterior, também pro mesmo rumo, menciona o trabalhão e o resultado reles.

“Sabe quanto deu? Sete e trinta, e a mulher nem tinha trocado... Marrapá!”.

Nem contei quantas vezes ouvi a expressão em poucos minutos. Não contei dos cinquenta na carteira...

Puxei a nota e o homem a olha, incrédulo.

“Tu e a outra tão querendo é tirar sarro da minha cara?... Marrapá!...”.

Antes que o clima rebentasse, entrei em casa e catei todos os trocados. Por fim, a quantia cobrada.

O motorista recebe o dinheiro e nem conta. Antes de ir embora, solta.

“Vê se da próxima me chama, tá?...Marrapá!...”.

Chamo sim, chamo o hospício...Marrapá!.

Viver bem

“Viver bem é morar a dois passos de tudo”.

De tudo o que é agradável e nos interessa.

Persiga infernos e não te sigo os passos.

Viver bem.

Para a maioria, a vida sem problemas.

Para mim, saber domá-los.

“Não se perca, não se esqueça. Viver bem é a melhor vingança”, diz Caio Fernando Abreu.

“Viver bem é a melhor vingança”.

Coincidência ou não, é provérbio basco.

Certos números incertos

Pode conferir.

Nas placas de carro com terminação “1”, o número está gravado a uma distância bem superior aos outros.

Ou seja, o órgão normatizador de trânsito não segue um padrão nas placas que autoriza e põe lacre de fiscalização.

Não me pergunte porque essas coisas acontecem.
Porque o “1” em alto relevo é uma barra vertical – “|”.

O que um espertinho pode fazer com a descoberta.

Leões em lágrimas

Há agente infiltrado no Palácio dos Leões.

Pode-se vê-lo, diariamente, a escorregar pela muralha defronte a Baía de São Marcos.

A guarda não o incomoda, não o incomodam carros, ônibus, os pedestres raros.

Em maio, fui o primeiro a vê-lo.

Vazamento d´água ou lágrimas?

Lágrimas, afirmam-me.

Pelos que se foram ou pelos que ainda virão?

No escuro

Ou a prefeitura apressa a obra ou a cidade vai esquecer o motivo dos tapumes a cercar a Pedra da Memória.

Aliás, qual foi mesmo?

Investimento futuro

“Maranhão fica em segundo lugar no ranking de cheques devolvidos”.

Com 9,16% dos cheques sem fundos do país.

E ainda quem duvide do futuro dos esportes nessa terra.

Mais empenho nos treinos, moçada!

Guerra sem fim

“Ninguém jamais vencerá a guerra dos sexos: há muita confraternização entre os inimigos”.

*é de Henry Kissinger, ex-secretario de estado norte-americano. De origem judaica, foi conselheiro de polícia estrangeira de Eisenhower a Gerald Ford.

Ludovicense

Nascido em São Luís ou natural de São Luís.

O gentílico vem de Ludovicus, a forma latinizada do francês Looïs (Louis em versão moderna).

A anterior era Clodovicus, derivação do germânico Hludwig.

Ludovicense pela cidade que os franceses dedicaram a Luís IX, chamado de “São Luís”.

Usa-se também o gentílico são-luisense – particularmente horrível.

Os inventores

Comprou a cadeirinha para proteger seu filho em acidentes de carro?

E o kit de primeiros socorros, ainda guarda no porta-luvas?

Não fiscalizaram e nem vão.

Essas geringonças parecem maquinadas para salvar “amigos”.

Prepare o bolso.

Logo, logo inventam o airbag portátil.

Trem bão

Trechos da BR-135 passam por “tapa-buracos”.

Máquinas e operários tiquinhos, mais retalhos de asfalto no pavimento pula-pula.

O site oficial da rodovia nem fala sobre os “serviços”, mas de outro, entre o Porto do Itaqui e Pedrinhas.

“O trecho duplicado já possui sinalização vertical e horizontal. A rodovia se encontra em excelente estado para uso”, lê-se em www.br135.com.br.

Do “tapa-buracos” próximo a São Luís, nem rastro.

Aviso a quem procurar: a federal vai até Minas.

Emprego para moças

Anúncio em jornal da Companhia Telephonica do Brasil, em 1950.

A empresa fundada em outubro de 1880 foi reconhecida oficialmente no ano seguinte.

Seu capital inicial era de 300 mil dólares e não havia nenhum brasileiro entre os acionistas majoritários.

O controle financeiro e administrativo era exercido pela "Continental Telephone Company", de Boston (EUA).

Expressamente resolvido

São Luís amanheceu com chuva de folders.

Obra e vantagens da Via Expressa – a que vai ligar o Renascença ao Ipase – descritos em material gráfico de primeira.

“Redução de 30% do trânsito na Av. Jerônimo de Albuquerque e Av. dos Franceses”, lê-se no impresso.

Quero quer que o indicador leva em conta o crescimento da frota de veículos na capital.

Em janeiro havia 251.169 unidades em circulação, segundo o Detran.

Nos últimos cinco anos, a taxa atingiu aumento anual médio de 9,3%.

Até setembro de 2012 – quando prometem entregar a obra para a cidade quatrocentona – serão mais de 300.000 carros, motos e camionetes.

Nada que não possa ser resolvido por via expressa.

“Truques” femininos

“Se desconfiar da infidelidade do marido, a esposa deve redobrar seu carinho e provas de afeto, sem questioná-lo.”
(Revista Claudia, 1962)

“A desordem em um banheiro desperta no marido a vontade de ir tomar banho fora de casa.”
(Jornal das Moças, 1965)

“Sempre que o homem sair com os amigos e voltar tarde da noite espere-o linda, cheirosa e dócil.”
(Jornal das Moças, 1958)

"A mulher deve fazer o marido descansar nas horas vagas, servindo-lhe uma cerveja bem gelada. Nada de incomodá-lo com serviços ou notícias domésticas."
(Jornal das Moças, 1959)


Será por isso que os casamentos duravam uma vida?

Os imperdoáveis

“Florestas brasileiras estão desprotegidas por falta de funcionários”, estampa o Estadão deste domingo, 17.

Pelo visto, árvores e vegetação não faltam.

Mas, afinal, proteger o quê?

A Mata Atlântica está mortinha da silva.

As madeireiras asiáticas torram sem dó a Amazônia.

As matas ciliares fecharam os olhos a tanta cegueira.

Navios-tanque sugam a água doce do Amazonas.

O Curupira nos proteja dessa gente de faz de conta.

Ao deus-dará

De carro fica a certeza: melhor ter ido a pé.

Carutapera a Luís Domingues, 28 quilômetros.

Experimente esse trecho da MA-101 e outros a Oeste do estado.

O que vem pela frente?

Se não é desolação, buraco é.

Os sacrifícios

“Do sacrifício recíproco é que nasce a felicidade doméstica."

Bons tempos os de Machado de Assis.

A dissesse hoje, o escritor seria linchado em público.

De feministas a lojistas.

Fale em sacrifício e felicidade doméstica a alguém do seu tempo.

Deve ser algo pior que atravessar o mês com o cheque especial e o cartão estourados.

Não bastasse, experimente o celular mudo e a geladeira cheia de riso.

E você, já deu de cara com machado pra derrubar a pindaíba?

“Cerca de 80% das pessoas já tiveram ou vão ter dor nas costas”.

A considerar o fardo dos impostos e os pesos mortos que carregam, até que o percentual é modesto.

Em mais alguns anos este será um país de corcundas.

Ou de ortopedistas presidentes.

O “xis” da questão

Eike Batista todo mundo sabe que é.

E a OGX?

Óleo e gás. O “X” é o fator de multiplicação dos empreendimentos do empresário.

E como multiplicam.

Mais que pães e peixes nas mãos do Senhor.

“OGX descobre mais indícios de gás no Maranhão”.

Fossem indícios, ele já teria perdido o... pique.

Não tão cândidos

A Candido Mendes não pode cobrar para expedir certificado de conclusão de curso de pós-graduação, decidiu a 7ª Vara Empresarial do Rio.

A universidade justificativa a taxa de cento e oitenta reais de cada aluno sob o argumento de cobertura dos "custos do procedimento".

A cobrança é ilegal e contraria a Portaria 40/07, do então Ministério da Educação e Cultura (MEC), que veda a prática.

Os custos com certificado simples estão embutidos nos serviços prestados pela instituição de ensino, entende a Lei.

A Candido trate agora de entendê-la.

E traga de volta o circunflexo da palavra.

Os castigos e as preces

“Os deuses, quando querem nos castigar, ouvem as nossas preces”.

* é de Oscar Wilde (1854-1900), escritor irlandês de “O Retrato de Dorian Gray, obra-prima da literatura inglesa.

Reflexões intransitáveis

Esse calor medonho em inverno persistente desmancha os miolos de qualquer gestor público.

Mantém-se na mídia do dia ideia equivocada.

A de que serviços executados em meio a carros nervosos e motoristas neuróticos irão levar a cidade a perceber rápido o que deveriam ter feito desde o início, benfeito, sem pressa.

Ninguém é cego a ponto de ignorar asfalto novo e bom. Desde que bom e novo.

A ponto de trocar sinalização horizontal por gestão sem sinalização. Desde que não deem pela falta de ambas.

Afinal, são serviços em horários de pico ou para picos de audiência?

Em paz com a guerra

Cidade zoadenta, Pinheiro.

Ali, até o silêncio vive em alvoroço, dizem-me.

Baixassem pela metade o volume, ainda assim a Baixada a ouviria.

“Quem vier, de onde vier, venha em paz”, leio no hotel.

E ature guerras nesse inferno de carros e motos.

Cuidado com o andor

Do barro Deus criou o homem.

Diz a Bíblia (João 9.6) que Jesus o usou para curar cego de nascença.

Viçar barro faz bem pra saúde, leio.

Duvidar, logo eu que o carrego e plural no sobrenome?

Pelo sim, pelo não, cuidado com o andor que o santo é de barros.

Espiga entalada

Obra do poeta não é.

Caminhões carregados com imensas pedras destroem o que resta do pavimento asfáltico da avenida Ferreira Gullar.

Diariamente, impiedosamente.

Em vários pontos o terreno cedeu a tanto peso.

O destino dos mondrongos é o espigão da Ponta D´Areia.

De poeta não é.

Nenhum faria coisa tão ruim assim.

Aqui agora

Crack pra lá, crack pra cá.

E nenhum craque pra dar jeito em tantas drogas.

Crack pra lá, crack pra cá.

O Mato Grosso é pra lá.

O grosso do mato, aqui?

Time imbatível

Insatisfeito com a sua operadora de celular?

Experimente a minha.

Agora sei, no dia seguinte, quem me ligou no dia anterior.

O número no visor nunca está associado ao gravado na memória.

Os dois serviços são novos e gratuitos, garantem-me.

E para meu completo desespero, funcionam.

Guerra ao terror

Maiduguri proibiu a circulação de motocicletas.

É o veículo preferido pelos extremistas islâmicos, os bambas do terrorismo na região, segundo as autoridades.

Terroristas não andam a pé, de carro, de bicicleta?

Maiduguri fica na Nigéria.

E, por enquanto, não faz intercâmbio com os motociclistas brasileiros.

Os nossos são melhores

Um estúdio japonês de design criou casas provisórias de papelão para os sem-teto do terremoto e tsunami de março.

Grande coisa.

Que viessem ver as casas permanentes que os sem-teto daqui constroem com lixo e sem nenhum estúdio e estudo.

Japonês tudo complicado, non?